"Não podemos tomar banho, não podemos pescar...O rio morreu para nós", disse à BBC Brasil o indígena Aiá Krenak, enquanto contemplava as plácidas águas do rio Doce, contaminadas pela lama espessa que escoa há dez dias de duas barragens de rejeitos de Mariana, a 100 km de Belo Horizonte.
Os krenak vivem em uma tribo de cerca de 350 índios atravessada pelo rio, a poucas dezenas de quilômetros da fronteira entre Minas Gerais e Espírito Santo. Tida como sagrada há gerações, toda a água utilizada pelos índios para consumo, banho e limpeza vinha dali.
"Vi muito peixe morto, quase desmaiei, de tanto chorar", contou Dejanira de Souza Krenak, outra moradora da tribo.
À BBC Brasil, os índios informaram que foram notificados por uma decisão judicial que determina que eles deixem o local em até cinco dias ─ o prazo expira na próxima terça-feira.
Eles prometem continuar lá ─ a menos, dizem, que representantes da Vale apareçam para discutir com eles a recuperação do rio sagrado e um esquema de fornecimento de água por caminhões pipa.
A tribo decidiu interromper a Estrada de Ferro Vitória-Minas, em protesto contra a contaminação do rio Doce, após o rompimento das barragens da mineradora Samarco.
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