Cérebro é programado para avaliar pessoa por forma como ela se comporta em movimento - e não por meio de fotos estáticas.
Pippa StephensBBC News
Seres humanos evoluíram ao longo de dois milhões de anos para desenvolver o mais complexo sistema central existente - e para serem principalmente monógamos.
Sally viu relacionamento terminar abruptamente no Tinder |
O primeiro homem que Sally conheceu no Tinder parecia promissor.
"Tivemos uns papos muito bons", diz. Eles saíram mais duas vezes e se falavam constantemente, tendo trocado cerca de 80 mensagens.
E aí, sem nenhum explicação, ele mandou uma mensagem cortando ela de sua vida.
"Como ele não tinha nenhuma ligação comigo, ele foi brutal", diz Sally, de 30 anos, uma maquiadora de Londres.
Ela aderiu ao Tinder há dois anos, após o fim de um relacionamento, e há pouco tempo se inscreveu no happn, outro app que junta pessoas que já cruzaram seus caminhos (fisicamente).
Mas, com o tempo, ela ficou receosa sobre aplicativos de namoro. "Toda essa ideia de satisfação instantânea estragou o sexo para um geração inteira de mulheres", diz ela.
O Tinder funciona assim: o usuário vê a foto de uma pessoa e, se gostar, desliza a tela para a direita (ou clica duas vezes para indicar que gostou daquela pessoa). Se não, desliza para a esquerda, e essa pessoa desaparece do seu "catálogo" de perfis.
Fim do romantismo?
O app, que segundo o site The Drum é responsável por 8 bilhões de conexões sobre 196 países, é o mais popular do tipo no mundo.
Os usuários arrastam a tela 97,2 mil vezes por minuto e o usuário médio passa 11 minutos por dia olhando perfis de potencias pares (os "matches" do Tinder").
Mas é comum ouvir pessoa lamentando o tipo de comportamento que o Tinder, teoricamente, incentiva. Há notícias sobre o "apocalipse dos encontros" que "mata" ou "varre" o romantismo, enquanto outros denunciam que ele está acabando com a sociedade.
Mulheres jovens reclamam que suas caixas de entradas estão recebendo imagens não solicitadas e não bem-vindas de pênis de estranhos.
"É como um catálogo de loja de departamento, com tudo disponível - é o equivalente a ter centenas de homens em pé em um bar te dizendo o quanto gostam de você, mas te dispensando no minuto em que uma mulher mais gostosa aparece", diz Sally.
Aplicativo se baseia em localização |
Se é assim, as pessoas estão preparadas para lidar com o anonimato e a variedade de escolhas que esses aplicativos oferecem?
Não há nada novo em olhar fotos para escolher um parceiro, diz Lucy Brown, professora do Einstein College of Medicine, em Nova York, e coautora de diversos artigos sobre a neurobiologia do amor romântico.
Pouco eficiente
O rei da Inglaterra Henrique 8º encomendou um retrato de Anne de Cleves para ajudá-lo a decidir sobre o potencial dela para o casamento, diz Brown. Mas ela alerta que isso não é uma forma especialmente eficiente de escolher alguém.
Humanos são programados para julgar as pessoas após vê-las "em movimento", diz ela, e não por meio de uma mistura de imagens paradas e mensagens em uma tela.
"É muito perigoso - você não consegue saber muito por uma foto", diz Brown. "O cérebro humano é programado para considerar em detalhes como uma pessoa se mexe ou o jeito que ri." Então faz sentido conhecer a pessoa ao vivo o quanto antes.
Segundo ela, são precisos, em média, três anos vivendo junto com alguém até esta pessoa se revelar por inteiro. Mas apps como o Tinder são mais conhecidos por facilitar relacionamentos de curta duração.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Os comentários são pessoais, é não representam a opinião deste blog.
Muito obrigado, Infonavweb!