"São dois mecanismos bem diferentes", explica Marcelo Zuffo, professor do Departamento de Engenharia de Sistemas Eletrônicos da Escola Politécnica da USP.
O engenheiro explica que o bloqueio ao WhatsApp ocorre digitalmente, por meio de mudanças na rede de transmissão de dados, mas o bloqueio do sinal de celular em presídios é físico e requer o uso de um aparelho.
'Ruído'
O tráfego de dados de aplicativos usa a rede das operadoras de telefonia, por meio de conexões nos servidores destas companhias, conhecidas tecnicamente como "portas".
Para suspender o serviço de mensagens, por exemplo, as operadoras fecharam essas portas, interrompendo o fluxo de dados e, por consequência, a transmissão de mensagens para todos os clientes de uma região ou de todo o país, como no caso do aplicativo.
Já o bloqueio de sinal de celular usa um equipamento do tamanho de um maço de cigarro, que emite um sinal eletromagnético conhecido como "ruído" e embaralha as faixas de transmissão de dados de comunicação sem fio.
Para isso, precisa ser instalado no local em que se deseja impedir que sejam feitas ligações e enviadas mensagens.
Seu alcance pode variar de um raio de 10 metros a 5 quilômetros, segundo Zuffo, e o custo de cada aparelho fica entre US$ 50 (R$ 197) e US$ 4 mil (R$ 15.790).
"Este sinal embaralhador interfere em tudo, não tem seletividade. Não dá para ter controle sobre ele e, por vezes, ele vaza para outros locais, afeta áreas fora dos presídios e interfere até mesmo com sinais de serviços essenciais, como bombeiros e polícia, o que é ilegal", afirma o especialista.
"Como a legislação proíbe a obstrução especialmente destes serviços e de meios de comunicação como um todo, o bloqueio físico é difícil de realizar. Do ponto de vista de engenharia, também é muito mais complexo fazer isso do que bloquear um aplicativo."
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