Diante da repercussão negativa, que tornou insustentável sua permanência no cargo, Jucá anunciou, já no fechamento do mercado, que vai se licenciar a partir desta terça-feira (24) do Ministério do Planejamento.
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A primeira crise do governo do presidente interino Michel Temer (PMDB) causou tensão no mercado financeiro nesta segunda-feira (23). A revelação de diálogos do senador licenciado e ministro do Planejamento, Romero Jucá (PMDB-RR), nos quais ele sugere um pacto para deter a Operação Lava Jato, fez o dólar comercial fechar em alta de 1,81% e a Bolsa em queda de 0,79%.
Os juros futuros de longo prazo e o CDS (credit default swap), indicador da percepção de risco do país, tiveram forte alta.
Diante da repercussão negativa, que tornou insustentável sua permanência no cargo, Jucá anunciou, já no fechamento do mercado, que vai se licenciar a partir desta terça-feira (24) do Ministério do Planejamento.
Também pesou sobre os negócios o cenário externo negativo, com recuo das commodities, mas profissionais do mercado apontaram o caso envolvendo Jucá como o principal fator de apreensão entre investidores neste pregão.
Reveladas pela Folha de S.Paulo, as conversas entre Jucá e o ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado, ambos investigados pela Lava Jato, ocorreram semanas antes da votação na Câmara que desencadeou o impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT). Os diálogos, gravados de forma oculta, somam 1h15min e estão em poder da PGR (Procuradoria-Geral da República).
Para a equipe de análise da Lerosa Investimentos, o caso "trouxe de volta ruído político quando o governo deveria estar focado na questão econômica".
"Se Jucá continuasse no governo, daria munição para o PT afirmar que o impeachment foi para barrar a Lava Jato", comenta um operador do mercado financeiro.
Outro ponto de atenção dos investidores são as medidas econômicas a serem anunciadas nesta terça-feira (24) pelo governo Temer.
CÂMBIO E JUROS
Após atingir a máxima de R$ 3,590 durante a sessão, o dólar comercial fechou em alta de 1,81%, a R$ 3,582. É o maior valor desde 18 de abril deste ano (R$ 3,598).
A moeda americana à vista terminou com valorização de 1,06%, a R$ 3,5753. Durante o pregão, chegou à máxima de R$ 3,5891.
O dólar avançou frente à maior parte das moedas globais nesta segunda-feira, mas o pior desempenho foi do real, por causa da tensão no cenário político.
O Banco Central não anunciou leilão de swap cambial reverso para esta sessão. A operação equivale à compra de dólares pela autoridade monetária.
No mercado de juros futuros, o contrato de DI para janeiro de 2017 avançou de 13,675% para 13,695%, e o DI para janeiro de 2021 subiu de de 12,360% para 12,620%.
O CDS, espécie de seguro contra calote do país, aumentou 3,16%, para 356,756 pontos, no maior nível em quase um mês.
BOLSA
Após cair mais de 2% durante a sessão, o principal índice da Bolsa paulista fechou em baixa de 0,79%, para 49.330,42 pontos. O giro financeiro foi de R$ 5,37 bilhões.
As ações PN da Petrobras caíram 4,49%, para R$ 8,50, e as ON recuaram 2,55%, a R$ 11,04, influenciadas também pelo recuo do petróleo no mercado internacional.
Os papéis PNA da Vale ganharam 0,87%, a R$ 11,50, e ON subiram 2,19%, a R$ 14,44, recuperando-se da forte queda na sexta-feira (20), mesmo com a desvalorização do minério de ferro nesta segunda-feira.
No setor financeiro, Banco do Brasil ON caiu 1,79%; Itaú Unibanco PN subiu 0,33%; Bradesco PN, +0,29%; Bradesco ON, -0,88%; Santander unit, +2,04%; e BM&FBovespa ON, -0,91%.
EXTERIOR
Na Bolsa de Nova York, o índice Dow Jones fechou em queda de 0,05%, o S&P 500, -0,21% e o Nasdaq, -0,08%. As persistentes preocupações em relação a uma possível alta dos juros americanos afetaram os negócios e impulsionaram o dólar nesta sessão.
Na Europa, as Bolsas fecharam em baixa, pressionados pela queda das commodities e pelos papéis da Fiat Chrysler e da Bayer.
Na Ásia, os índices fecharam com sinais mistos. Com informações da Folhapress.
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