Ex-chanceler e ex-ministro da Defesa diz que mudar sistema eleitoral é essencial para coibir a troca de favores entre Planalto e Congresso
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O ex-ministro das Relações Exteriores e da Defesa Celso Amorim diz que uma reforma política precisa estar na plataforma do próximo presidente do Brasil e que mudar o sistema eleitoral é essencial para coibir a troca de favores entre Planalto e Congresso em Brasília, realizada sem cerimônia, "na frente de todo mundo".
"Nunca vi uma coisa assim tão escancarada. É quase sexo explícito", diz em entrevista à BBC Brasil, em seu apartamento com vista para a Praia de Copacabana, na zona sul do Rio.
Como lembrou a reportagem da BBC Brasil, o Chanceler mais longevo da história brasileira, durante todo o governo Lula e em parte do governo de Itamar Franco, Amorim faz duras críticas à política externa do governo Temer e do atual ministro Aloysio Nunes (PSDB). Após os anos de aumento da influência global no governo Lula, Amorim diz que o Brasil saiu de cena e está "cumprindo tabela".
"Nos melhores momentos, (a política externa) é passiva. Nos piores, é desastrada", afirma, considerando um erro a postura adotada em relação à Venezuela. Para Amorim, ao fazer uma crítica "tão frontal" ao governo de Nicolás Maduro, o governo brasileiro perdeu a possibilidade de diálogo, interlocução ou intermediação de conflitos.
Apesar dos cinco processos enfrentados pelo ex-presidente Lula, Amorim considera que "não pode haver um cenário presidencial" sem o petista em 2018. Para o chanceler, ele próprio filiado ao PT, Lula seria a única pessoa com capacidade para derrotar "as ameaças de direita e de extrema-direita". Ele considera as acusações contra o ex-presidente "ridículas" e "descabidas".
"Tenho certeza que nenhuma dessas acusações se sustentará. Acho que as pessoas percebem que as acusações são infundadas", considera. "Acho que o povo não vai cair nessa, e que o Lula tem muita chance de ser eleito."
Sobre o ex-presidente Fernando Henrique, Amorim fez questão que pontuar a importância dele numa possível reforma política. "Ele não é como a maioria de políticos da centro-direita brasileira. Ele tem influência e pode ajudar a fazer uma reforma política que dê legitimidade ao poder no Brasil" disse.
E seguiu "Senão, fica impossível. Com o Congresso sendo eleito da maneira como é eleito hoje, qualquer governante vai ser obrigado a entrar em negociação".
"Não estou falando de negociar politicamente. Isso é normal. Em qualquer país do mundo, você faz concessões para fazer uma coalizão. Não é isso. O problema é você ter que negociar favores, verba. Como você está vendo agora. Nunca vi uma coisa assim tão escancarada. É quase sexo explícito.", finalizou.
Via...Notícias ao Minuto
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