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quinta-feira, 28 de junho de 2018

Ativista dos direitos das mulheres é detida na Arábia Saudita

Hatun al-Fassi celebrava o fato de ter sido uma das primeiras mulheres a dirigir no país

© REUTERS/Zohra Bensemra

DIOGO BERCITOMADRI - No início deste mês, quando conversou com a reportagem da Folha de S.Paulo, Hatun al-Fassi celebrava uma vitória pela qual havia lutado por longas décadas: foi uma das primeiras mulheres a dirigir na Arábia Saudita. Essa ativista de 53 anos foi no entanto detida nesta quarta-feira (27).
A informação, inicialmente circulada nas redes sociais, foi confirmada pela rede de televisão árabe Al Jazeera. Essa dinâmica de abertura social e repressão tem marcado a complexa modernização da monarquia saudita.
Desde meados de maio outros 13 ativistas foram presos, enquanto o país era louvado no exterior por permitir que as mulheres por fim tomassem o volante.
A Arábia Saudita também recentemente autorizou a abertura de salas de cinema pela primeira vez em décadas, ainda que em quantidades restritas (os cinemas exibiram "Pantera Negra"). Fassi é uma das figuras emblemáticas nos movimentos de direitos civis sauditas.
Escritora e pesquisadora da história das mulheres no país, ela anteriormente fez campanha para que as mulheres participassem de eleições municipais, algo permitido a partir de 2015. No dia 24, Fassi fez parte do seleto grupo de sauditas que puderam dirigir - era exigido que as condutoras já tivessem uma carteira de motorista em outro país, e ela tinha uma britânica.
"Finalmente consegui algo real", a ativista disse à reportagem por telefone às vésperas de poder dirigir, com a esperança de uma abertura mais ampla - mulheres ainda precisam da autorização de um homem para tomar diversas decisões pessoais, como a de viajar para o exterior.
"É um documento que me foi negado a vida toda."Não está claro por que razão Fassi foi detida nesta semana. Outros casos recentes de prisão de ativistas envolveram acusações de laços com organizações estrangeiras, e diversas foram soltas em pouco tempo. A Arábia Saudita também deteve recentemente diversos de seus príncipes, acusados de corrupção.
Apesar de um primeiro momento de elogios, analistas têm criticado o ritmo da abertura saudita, com tantas idas e vindas. A liberalização da monarquia, uma das mais conservadoras do mundo, parece ademais ter uma motivação pragmática: o príncipe-herdeiro Muhammad bin Salman (conhecido pela sigla MBS) quer impulsionar a economia saudita, e a incorporação de mulheres à força de trabalho é vista como uma estratégia efetiva.
A economia da Arábia Saudita enfrenta desafios em especial devido à queda no preço do petróleo, com o que a monarquia oferece uma série de subsídios à população. Sem esse dinheiro, o receio é de que o país já não seja capaz de manter contida a insatisfação popular - a ideia é agradar os cidadãos com liberdades sociais, enquanto as liberdades políticas seguem negadas.
"Por meio século, fomos discriminadas, marginalizadas. Agora, o país está mudando", Fassi disse na entrevista, só algumas semanas antes de sua detenção. Com informações da Folhapress. 
Via...Notícias ao Minuto

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