Visita de Mike Pence a instituições na capital amazonense foi criticada por autoridades locais
© REUTES/Adriano Machado |
No último dia de sua passagem pelo Brasil, o vice-presidente dos EUA, Mike Pence, visitou um abrigo em Manaus que acolhe imigrantes venezuelanos.
O local, que foi adaptado para receber famílias inteiras e, assim, não forçar a separação de pais e filhos, está entre os que podem ser beneficiados pela doação de mais de US$ 1 milhão (R$ 3,8 milhões) prometida por Pence para iniciativas de acolhida a refugiados venezuelanos no Brasil - o vice não fixou prazos para a liberação da verba, entretanto.
Nem o prefeito de Manaus, Arthur Virgílio Neto (PSDB), nem o governador do Amazonas, Amazonino Mendes (PDT), participaram do evento. O primeiro reclamou das exigências do protocolo de segurança, e o segundo se reuniu com ex-prefeito de Nova York Rudolph Giuliani, que está dando consultoria para um plano de segurança pública.
Em rede social, Virgílio manifestou preocupação com a presença do grande aparato militar que acompanha a comitiva americana e destacou ainda o trabalho humanitário com os imigrantes venezuelanos feito pela cidade, em comparação ao feito pelo governo dos EUA com os imigrantes mexicanos.
"Não aceito a intervenção militar, nem por brincadeira. Por favor, volte para sua casa", escreveu. "Não tente me ensinar a ser solidário. Os mexicanos podem falar sobre o tratamento que o seu país dá a eles."
Para o padre Orlando Barbosa, coordenador da Cáritas Arquidiocesana de Manaus (que administra o abrigo Santa Catarina de Sena, local que recebeu Pence), a visita não atendeu as expectativas.
"Ele trouxe um discurso político imperialista e usou a fala dos próprios imigrantes para criticar o governo venezuelano. Não é só uma visita humanitária, e é isso que nos deixa atônitos", afirmou ele.
A ida de Pence ao abrigo em Manaus também gerou uma nota pública de entidades católicas que acolhem refugiados no Brasil.
O Serviço Pastoral do Migrante Nacional, o Serviço Pastoral do Migrante da Arquidiocese de Manaus e a Congregação Scalabriniana afirmaram que o vice americano representa um governo que constrói muros e separa crianças de seus pais.
"Esse gesto do governo Trump está longe de ser humanitário e de [denotar] preocupação com os direitos humanos. Remete-nos a uma política de controle e colonialismo constante dos EUA com a América Latina."
A visita ao abrigo Santa Catarina de Sena acontece em meio à repercussão negativa da política de tolerância zero do governo Trump contra a imigração ilegal, que resultou na separação de mais de 2.000 crianças dos pais (todos imigrantes ilegais), entre elas pelo menos 51 brasileiras.
Esse foi um dos assuntos discutidos por Pence e Temer na terça-feira (26), em Brasília. Na ocasião, o pronunciamento do vice americano provocou desconforto no governo brasileiro ao cobrar publicamente uma atuação mais enérgica do Brasil visando isolar o ditador Nicolás Maduro na Venezuela e colaborar na resolução da crise migratória no continente.
No encontro em Brasília, o vice de Donald Trump fez uma advertência dura à população da América Central, de onde sai a maioria dos imigrantes ilegais com destino aos EUA: "Se vocês não conseguem vir legalmente, não venham; cuidem de suas crianças e construam suas vidas em seus países de origem".
Já na capital do Amazonas, houve menos polêmica. Pence conversou, com ajuda de tradutores, com alguns dos 86 imigrantes que residem na Santa Catarina de Sena e com representantes de entidades envolvidas no acolhimento aos venezuelanos em Manaus.
Via...Notícias ao Minuto
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