Ministério da Saúde passou a orientar estados e municípios para que mantenham os postos de saúde abertos em horário estendido
© Marcelo Camargo/Agência Brasil |
Sem atingir a meta de vacinação contra sarampo e poliomielite, o Ministério da Saúde passou a orientar estados e municípios para que mantenham os postos de saúde abertos em horário estendido neste sábado (1º).
Na prática, a medida ocorrerá como um segundo "dia D" da campanha de vacinação contra as duas doenças.
A quatro dias do fim da mobilização, prevista para ser encerrada na sexta-feira (31), balanço da pasta aponta que 3,3 milhões de crianças de um ano a menores de cinco anos ainda não foram vacinadas -o equivalente a 30% do público-alvo, composto por 11 milhões de crianças desta faixa etária.
Diante da dificuldade, o ministério orienta que estados e municípios que não alcançaram a meta realizem um novo dia de vacinação.
A organização do novo dia D, porém, dependerá de cada secretaria de saúde. O ministério orienta aos pais que busquem informações junto à rede de saúde sobre quais postos devem ficar abertos ao longo do dia.
Segundo o ministro da Saúde, Gilberto Occhi, a nível nacional não há previsão de prorrogar a campanha, já que as vacinas estão disponíveis no calendário da rede de saúde.
A decisão sobre uma possível prorrogação, assim, dependerá de cada estado.
Até terça-feira (28), apenas um deles já havia atingido a meta: caso do Amapá, com 99,8% das crianças dessa faixa etária vacinadas contra a pólio e 99,4% contra o sarampo.
Outros estados, no entanto, ainda apresentam baixas coberturas. É o caso do Rio de Janeiro, com pouco mais de 51% das crianças já vacinadas, e do Distrito Federal.
Entre as capitais, os menores índices estão em Boa Vista e Salvador, ambas com cerca de 38% das crianças não vacinadas.
AVANÇO DO SARAMPO
Neste ano, a campanha de vacinação é "indiscriminada", o que significa que mesmo crianças que estão com a carteirinha de vacinação em dia devem receber novas doses de reforço contra as duas doenças.
O objetivo é uniformizar a cobertura de vacinação em todo o país e evitar o avanço do sarampo.
Dados do último levantamento feito pelo ministério aponta que, desde fevereiro até 28 de agosto, já foram confirmados 1.553 casos da doença, com sete mortes. Outros 6.975 casos permanecem em investigação.
Dois estados registram surtos de sarampo: Amazonas, onde já foram confirmados 1.211 casos, e Roraima, com 300.
Também houve casos confirmados no Rio de Janeiro (18), Rio Grande do Sul (16), São Paulo (2), Rondônia (2), Pernambuco (2) e Pará (2). A pasta diz que a vacinação está sendo reforçada nesses locais para bloquear o avanço da doença.
Segundo o Ministério da Saúde, exames apontam que o genótipo do vírus que circula no país é o mesmo que circula na Venezuela -o que indica que o atual surto de sarampo é de origem importada.
Já em relação à poliomielite, dados da pasta não indicam registro de novos casos.
A recente queda nos índices de vacinação, porém, acendeu o alerta sobre o risco de um possível retorno da doença caso ocorra uma reintrodução do vírus e contato com não vacinados, uma situação que não ocorre desde 1990.
Em 2015, a taxa de vacinação de crianças contra a paralisia infantil era de 98,2%. Já em 2017, esse índice caiu para 77%.
ESQUEMA DE VACINAÇÃO
Realizada de forma indiscriminada a cada quatro anos, a campanha de vacinação visa elevar a cobertura e reforçar a proteção.
Durante a mobilização, a aplicação das doses tem esquemas diferentes dependendo da situação vacinal de cada criança. Crianças que nunca tomaram nenhuma dose de vacina contra a pólio, por exemplo, devem receber uma dose da VIP (vacina injetável).
Já aquelas que já tiverem tomado uma ou mais doses recebem a VOP (vacina oral), conhecida como gotinha. A ideia é reforçar a imunização contra a doença.
Contra o sarampo, a campanha prevê que todas as crianças recebam uma dose da vacina tríplice viral. A exceção são aquelas que já foram vacinadas nos últimos 30 dias.
Segundo as secretarias de saúde, a vacina é contraindicada apenas para crianças imunodeprimidas, como aquelas submetidas a tratamento de leucemia e pacientes de câncer.
Já crianças alérgicas à proteína lactoalbumina, presente no leite de vaca, devem informar o quadro às equipes de saúde. Neste caso, elas recebem outra vacina contra sarampo, produzida pelo instituto BioManguinhos. Com informações da Folhapress.
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