Imagens mostram futuro ministro dizendo uma coisa e sendo desmentido pelo presidente eleito
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A retirada da candidatura do Brasil da sede da COP-25, a conferência anual da ONU para negociar a implementação do Acordo de Paris, provocou divergências entre o presidente eleito, Jair Bolsonaro, e dois futuros ministros nesta quarta-feira (28).
Já era esperado que o país sediasse o evento, mas o Itamaraty comunicou a retirada em nota nesta terça-feira (27), decisão lamentada por órgãos ambientais.
Durante a tarde, o chefe da Casa Civil do próximo governo, Onyx Lorenzoni, afirmou ao lado de Bolsonaro que o governo não teve "nada a ver com isso". "Esta é uma decisão do Itamaraty", afirmou, mas foi cortado pelo presidente eleito.
"Houve participação minha nessa decisão. Ao nosso futuro ministro, eu recomendei que se evitasse a realização desse evento aqui no Brasil. Até porque eu preciso que vocês nos ajudem, está em jogo o 'triplo A' nesse acordo", afirmou Bolsonaro, em referência ao futuro chanceler Ernesto Araújo, que tem posicionamento crítico em relação às previsões de aquecimento global.
— Exilado (@exilado) 29 de novembro de 2018
Triplo A, segundo ele, seria uma faixa que envolve a cordilheira dos Andes, a Amazônia e o oceano Atlântico. O Acordo de Paris, para o presidente eleito, colocaria em risco a soberania nacional dentro desse território. Não há menção ao chamado Triplo A no acordo, porém.
"Não quero anunciar uma possível ruptura dentro do Brasil. Além dos custos que seriam, no meu entender, bastante exagerado tendo em vista o déficit que nos já temos no momento", acrescentou.
Como a Folha de S.Paulo revelou, no entanto, a questão orçamentária já estaria resolvida desde outubro, segundo membros do alto escalão do Ministério do Meio Ambiente. Eles afirmaram que havia reserva de recursos do Fundo Clima para garantir a realização da COP-25 e que também teve seu orçamento aprovado em junho pelo Congresso, em emenda da Lei de Diretrizes Orçamentárias.
Menos de uma hora depois, também em entrevista, o recém-anunciado ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio (PSL-MG), disse que a COP é "de grande importância" para discutir a questão climática e "todos os outros temas que estão relacionado ao turismo".
Questionado sobre a posição de Bolsonaro, porém, Álvaro Antônio titubeou. "Não conversei com o presidente ainda. Se a posição dele é essa, obviamente a gente respeita a posição do presidente, mas vou conversar com ele para a gente ter o alinhamento das ideias."
"A gente ainda precisa se aprofundar mais e entender melhor qual o impacto da não realização do evento nessa visibilidade do Brasil aqui dentro e também no exterior."
A sinalização do novo governo a respeito do Acordo de Paris vai na direção contrária do papel que o Brasil tem representado nas negociações de clima da ONU. A própria Tereza Cristina (DEM-MS), indicada para o Ministério da Agricultura, já disse que "o Acordo de Paris é importante para a agricultura brasileira, pois o produtor brasileiro é reconhecido lá fora como preservador".
A próxima conferência do clima (COP-24) começa na próxima semana, em Katowice, na Polônia. Com informações da Folhapress.
Via...NOTÍCIAS AO MINUTO
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