Empresário disse que cedeu local a petista para que ele guardasse o acervo presidencial
© Ricardo Stuckert / Instituto Lula |
Proprietário legal do sítio de Atibaia (SP), que era frequentado pelo ex-presidente Lula, o empresário Fernando Bittar declarou, em depoimento à Justiça Federal nesta segunda (12), que as reformas feitas na propriedade, para ele, estavam sendo pagas pelo petista e sua família -e não por empreiteiras.
"Eu imaginei que eles estavam pagando: a tia Marisa [Letícia, ex-primeira-dama] e o presidente Lula", afirmou.
Lula e outras 12 pessoas, inclusive Bittar, são acusados de lavagem de dinheiro e corrupção na reforma do sítio, bancada pelas empreiteiras OAS e Odebrecht. Para o Ministério Público Federal, o local pertencia de fato ao ex-presidente –que nega irregularidades.
Amigo da família desde a infância e sócio do filho do ex-presidente na Gamecorp, Bittar afirmou que as duas famílias "eram como se fosse uma só", e disse que deu "carta branca" para que a ex-primeira-dama reformasse o local.
Segundo ele, o sítio foi comprado com recursos próprios, e cedido a Lula para que guardasse o acervo presidencial, a partir de 2011.
"Pelo grau de relacionamento" entre as famílias, Bittar autorizou que fossem feitas reformas no sítio para abrigar o acervo –e, posteriormente, para melhorar as condições do local.
"Eu não precisava de obra. Eles iriam utilizar o sítio. Ou seja, eles que têm que arcar com a despesa dessa obra", disse.
Para ele, as obras foram "superdimensionadas" na denúncia. "São quartos simples, feitos com material de segunda. A adega não é uma adega; é um quarto de empregada. Não foi uma adega de cinema, nada disso; foi um quarto adaptado."
De acordo com o proprietário, Lula e Marisa visitavam o sítio desde que Bittar o comprou, em 2010, mas passaram a ir ao local com mais frequência a partir de 2012, quando o ex-presidente foi diagnosticado com câncer.
"Aí, houve uma inversão", declarou o empresário, segundo quem o sítio virou "um tormento" para ele. "Não tinha mais como eu frequentar."
Bittar disse que tentou vender o sítio para Lula, que queria comprá-lo, mas a venda não foi autorizada por seu pai.
Questionado sobre os custos da cozinha, cuja nota fiscal foi emitida em seu nome, no valor de R$ 130 mil, ele disse que alertou a ex-primeira-dama e o engenheiro Paulo Gordilho, da OAS, que trabalhava na reforma, que não poderia arcar com os custos.
Também prestaram depoimento o advogado Roberto Teixeira, que supervisionou as negociações de compra e venda do sítio, e o ex-funcionário do Planalto Rogério Pimentel, que era responsável pelo acervo presidencial.
Lula irá depor na quarta (14). Com informações da Folhapress.
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