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segunda-feira, 12 de novembro de 2018

Procuradoria pede que deputados do RJ permaneçam presos indefinidamente

Solicitação se deve aos indícios de vazamento sobre a operação, deflagrada na quinta-feira (7)

© DR


A Procuradoria Regional da República no Rio de Janeiro pediu nesta segunda-feira (12) a conversão da prisão temporária de sete deputados presos na Operação Furna da Onça em preventiva, sem prazo para terminar.


O pedido se deve aos indícios de vazamento sobre a operação, deflagrada na quinta-feira (7). Os elementos dos pedidos não foram divulgados, porque o processo segue sob sigilo.
"A volta ao exercício do cargo de deputados estaduais ou de outras funções públicas é considerada pelos procuradores um risco para a coleta de provas nesta investigação e para a própria ordem pública, diante da possibilidade de continuarem praticando os crimes de corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa, por isso também foi pedido o afastamento de suas funções como deputados", afirma a Procuradoria.
Dez parlamentares foram alvos de mandados de prisão sob suspeita de receber uma mesada do ex-governador Sérgio Cabral (MDB) para votar em favor dos interesses do Palácio Guanabara durante seu segundo mandato (2011-2014). Sete foram presos temporariamente na quinta e outros três já haviam sido presos na Operação Cadeia Velha, deflagrada há um ano.
O pedido da Procuradoria atinge André Corrêa (DEM), Marcos Abrahão (Avante), Neskau (PTB), Luiz Martins (PDT), Chiquinho da Mangueira (PSC), todos reeleitos este ano, além de coronel Jairo (Solidariedade) e Marcelo Simão (PP), que não conseguiram renovar seus mandatos.
Também foi pedido a conversão em preventiva de outros oito investigados, entre eles o secretário de Governo, Afonso Monnerat, braço-direito do governador Luiz Fernando Pezão (MDB). Ele deixou a pasta na quinta, dia da prisão.
A Procuradoria também pediu a manutenção da prisão preventiva de Edson Albertassi, Jorge Picciani e Paulo Melo, todos do MDB.
A nova investigação sobre a Alerj tem como base a delação premiada do economista Carlos Miranda, espécie de gerente da propina arrecadada por Cabral. Ele era o responsável por administrar todos os recursos ilegais obtidos pelo emedebista.
O colaborador do Ministério Público Federal afirmou que um grupo de políticos recebia dinheiro de Cabral, em seu segundo mandato (2010-2014), em troca de apoio parlamentar -chamado de mensalinho pelo Ministério Público Federal.
Os valores pagos mensalmente variavam de R$ 20 mil a R$ 100 mil, dependendo da posição ocupada pelo deputado.
Arquivos de um sistema de contabilidade entregues pelos doleiros delatores Vinicius Claret e Cláudio Barboza, que operacionalizavam parte da propina de Cabral, corroboraram as informações do economista.
Cruzamento de ligações telefônicas também confirmou o contato entre portadores do dinheiro em espécie com assessores dos deputados suspeitos.
O superintendente da Polícia Federal no Rio de Janeiro, Ricardo Saadi, afirmou que os deputados movimentaram cerca de R$ 54 milhões em propina.
"A Alerj se transformou numa verdadeira propinolândia", disse o procurador regional da República Carlos Aguiar.
Há a suspeita de que outros deputados receberam os pagamentos, já que o presidente da Assembleia -posto ocupado tanto por Picciani como por Paulo Mello- recebia valores maiores a serem distribuídos com outros colegas, segundo as investigações.
Um dos responsáveis por entregar e receber propinas de Cabral, Sérgio de Castro Oliveira, afirma que o número de envolvidos no esquema da Alerj pode chegar a 60 deputados –a casa tem 70 membros.
Funcionário da família desde a década de 1980, ele afirma que o dinheiro da "caixinha" das empresas de ônibus do estado era entregue diretamente aos deputados ou ao presidente da Casa para redistribuição.
"Quando Cabral virou governador havia uma lista do presidente da casa, que continha esse número de mais de 40 parlamentares; que a segunda lista era de pessoas que não se sentiam a vontade de ficar sob o comando do presidente e era uma lista composta por, mais ou menos, 20 nomes como, por exemplo, Chiquinho da Mangueira", afirma a transcrição do depoimento de Serjão, como ele é chamado. Com informações da Folhapress.
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