País teve várias quedas de energia nos últimos dias, que afetam fornecimento de água e comunicações
© REUTERS/Ivan Alvarado |
"Todos sabemos quem é o responsável pelos blecautes: Maduro", disse o líder opositor Juan Guaidó em um ato em Los Teques, capital do estado de Miranda. "Temos de acelerar o processo para remover este regime corrupto e usurpador."
As forças de segurança da Venezuela dispersaram com gás lacrimogêneo parte das manifestações opositoras em Caracas e impediram concentrações em alguns pontos no oeste da capital venezuelana.
Apoiadores do ditador Nicolás Maduro também marcharam nas ruas da capital neste sábado para protestar contra o "imperialismo do governo americano", que Maduro acusa de ser o causador dos apagões por meio de ataques aos sistemas de geração e transmissão de energia.
"É fácil perceber que Guaidó não entende a situação do país", diz o motorista de ônibus Antonio Ponce, 56.
"Ele foi colocado lá pela ultra direita, nem sabe pelo o que está brigando."
A queda de energia mais recente ocorreu no início da noite de sexta-feira (29), afetando Caracas e pelo menos 20 dos 23 estados do país, vários dos quais permaneceram sem luz na tarde deste sábado.
Os grandes apagões que tiveram início em 7 de março afetaram o fornecimento de água, transporte e serviços de telefonia e internet. Entre segunda (25) e quinta-feira (28), uma outra queda de energia paralisou atividades no país.
"No próximo dia 6 de abril todos nós vamos às ruas da Venezuela", disse Guaidó, reconhecido como presidente interino da Venezuela por mais de 50 países, incluindo Brasil e EUA.
Maduro, por sua vez, pediu aos coletivos -grupos paramilitares fiéis à ditadura venezuelana- "tolerância zero com as guarimbas", como chama os protestos da oposição.
"Eles incitam ódio, nós pedimos amor, eles incitam guerra e nós fazemos um apelo diário à paz", disse Jesús Camargo, coordenador de movimentos sociais, à agência de notícias AFP.
As falhas elétricas são comuns na Venezuela há uma década, e os especialistas afirmam que elas são resultado de falta de investimentos em infraestrutura e corrupção.
Em meio à crise, a Cruz Vermelha anunciou que distribuirá ajuda humanitária na Venezuela daqui a 15 dias, uma questão central na disputa pelo poder entre Maduro e Guaidó.
A decisão marca uma guinada na política de Maduro, que, apesar de autorizar a cooperação internacional sem "interferência" para entrega de mantimentos, nega que o país sofra uma "crise humanitária", como denuncia Guaidó.
A Venezuela enfrenta uma forte escassez de medicamentos, já que o governo, seu principal importador, não tem liquidez devido ao colapso da produção de petróleo, responsável por 96% das receitas do Estado, e à expulsão do país dos mercados financeiros após as sanções americanas.
Segundo a ONU, quase um quarto dos 30 milhões de venezuelanos precisa de assistência "urgente". Em 23 de fevereiro, os carregamentos de alimentos e suprimentos médicos administrados por Guaidó e enviados por Washington foram bloqueados pelo governo socialista nas fronteiras da Venezuela com Colômbia e Brasil em meio a tumultos que deixaram sete mortos e dezenas de feridos.
Maduro argumentou que esses carregamentos eram o preâmbulo de uma intervenção militar. Guaidó reivindicou a entrega da Cruz Vermelha como uma conquista, afirmando que "é o resultado da pressão" feita por ele desde que se declarou presidente interino, em 23 de janeiro.
O governo de Maduro ainda anunciou que um avião chinês com 65 toneladas de medicamentos e suprimentos médicos chegou à Venezuela na sexta (29). A China é um dos maiores aliados de Maduro, junto com a Rússia, que há uma semana enviou uma missão militar a Caracas.
Via...NOTÍCIAS AO MINUTO
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