Estudo é parceria da A.C.Camargo Cancer Center, Universidade de São Paulo (USP) e Universidade de Trento, na Itália
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Um novo estudo realizado por pesquisadores do A.C.Camargo Cancer Center, Universidade de São Paulo (USP) e Universidade de Trento, na Itália, apontou relação entre o câncer colorretal e alterações na microbiota intestinal. Por meio da análise de sete estudos sobre o tema utilizando softwares, os especialistas chegaram a 16 bactérias que podem indicar a presença da doença nos pacientes. O achado, publicado nesta segunda-feira, 1º, no periódico científico Nature Medicine, poderá ser uma ferramenta no futuro para diagnósticos mais precisos e como base para estabelecer medidas preventivas.
Para a pesquisa, foram analisadas amostras extraídas de fezes de 969 pacientes divididos em grupos com e sem a doença. As amostras eram de pacientes dos Estados Unidos, Canadá, Japão, China, França, Alemanha e Itália.
"Cada vez mais, a microbiota vai se tornar um elemento forte para o tratamento e a prevenção de várias doenças. Também para descobrir as causas delas. Tem alguns estudos anteriores que mostraram que a microbiota é um preditor para o câncer colorretal. Usamos dados públicos e privados que geramos na Itália. Usamos softwares que têm métodos estatísticos que aprendem com os dados que damos para eles. Demos os perfis da microbiota e eles indicavam se era câncer ou não", explica Andrew Thomas, biólogo e pesquisador na área de microbioma humano e bioinformática, que é o principal autor do estudo.
Segundo Thomas, no início, todas as bactérias que fazem parte do microbioma intestinal eram avaliadas e os pesquisadores iniciaram um processo de redução das espécies utilizadas no estudo até chegar a um grupo de 16 que indicavam a presença da doença.
"Pode ser que alguns pacientes tenham as 16 ou um subconjunto das 16, variações delas, mas, quando se vê um perfil com elas, é uma fonte preditora para o câncer colorretal. Os controles (pacientes saudáveis) podem ter, mas é mais provável que não."
O especialista diz que o câncer colorretal é de crescimento lento e, quando diagnosticado precocemente, tem alto potencial de cura. Ele explica que os resultados não devem fazer com que exames invasivos, como a colonoscopia sejam substituídos pela técnica, mas que ela pode se tornar mais um meio de tornar o diagnóstico mais preciso. "Percebemos que, quando combinávamos o uso da microbiota com o exame de sangue oculto nas fezes, tínhamos maior precisão e sensibilidade."
No Brasil, de acordo com o Instituto Nacional de Câncer (INCA), são estimados 36.360 casos da doença por ano (2018). Pessoas com mais de 50 anos, pacientes acima do peso, quem tem histórico familiar e pessoas que consomem embutidos e carne vermelha em excesso têm mais risco de desenvolver a doença. Sangue nas fezes, fraqueza, perda de peso e alterações do hábito intestinal estão entre os sintomas.
Thomas afirma que a pesquisa também pode oferecer caminhos para a prevenção da doença. "Identificamos que a presença de uma enzima degradadora de colina, um nutriente que está presente na gordura e na carne vermelha, estava mais abundante nos pacientes com câncer colorretal. Isso cria um link de como deve ser a alimentação de quem quer evitar a doença." A degradação desse nutriente já era associada a doenças cardiovasculares.
O estudo é parte do doutorado de Thomas em bioinformática pela USP e pela Universidade de Trento com bolsa da Fundação de Apoio Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp). Com informações do Estadão Conteúdo.
Via...NOTÍCIAS AO MINUTO
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