Iva da Silva de Souza foi mantida em cárcere privado durante cerca de 20 anos por um casal em Vinhedo
© Aziz Taher/Reuters |
Irmã da vítima, Odete da Silva Souza foi localizada em Araraquara, também no interior, e já fez contato com a mãe, que mora na região de Maringá, no Paraná. Ela disse que não fala com Iva há mais de 40 anos e não a vê há ainda mais tempo. Segundo ela, Iva deixou a casa dos pais, em Colorado (PR), quando tinha cerca de 17 anos na esperança de conseguir trabalho em uma cidade maior.
Segundo relato de Odete, eles eram em dez filhos e Iva, a mais velha, trabalhava na lavoura com os pais. Ela quis sair de casa para ter salário e ajudar a família. Outra irmã teria chegado a conversar com a vítima após a viagem, mas achou que estava tudo bem. Na juventude, Iva trabalhou como doméstica, mas a cidade era desconhecida da família.
Os parentes registraram o desaparecimento na polícia do Paraná em 1996, depois de não ter mais notícias de Iva. A Polícia Civil encontrou Odete usando as poucas informações dadas pela mulher e após buscas na internet. Nesta tarde, era providenciada a viagem de Odete até Vinhedo para fazer o reconhecimento formal da irmã.
Conforme a assistente social Giorgia Bezerra, que atende Iva na casa de acolhimento para idosos da prefeitura de Vinhedo, será preciso aguardar o resultado dos exames para promover o encontro entre as irmãs. "Queremos fazer isso o mais rápido possível, mas ainda esperamos o laudo da avaliação psicológica o resultado de exames para ver se ela está em condições de saúde e psicológicas para reencontrar a família."
De acordo com Giorgia, a vinda da mãe também está sendo providenciada. "Vamos conversar com a irmã e com a mãe assim que elas estejam na cidade a avaliar se já é o caso dela retornar ao convívio dos familiares, o que seria ideal", afirmou
A assistente social disse que Iva viveu durante muitos em isolamento social, por isso houve a necessidade de encaminhamento ao serviço de atendimento do município. "As condições em que ela e a outra mulher, ainda mais idosa, se encontravam eram de muito risco", disse. "Ela sequer sabia em que bairro ou em que cidade ela estava, mas parecia resignada com a situação. Tanto que os policiais civis demoraram para perceber que havia algo errado."
Os agentes da Polícia Civil foram à casa onde a idosa estava em cárcere privado ao investigarem a emissão de cheques sem fundo no comércio local. Os cheques haviam sido emitidos em nome de Iva pelo casal Júnior e Marina, que haviam aberto uma conta bancária usando os documentos da mulher.
No local, estavam apenas duas idosas: Iva e a mãe de Marina, de 88 anos, que é cadeirante. A situação causou desconfiança nos agentes, mas eles só se deram conta de possível crime quando Iva pediu ajuda. O casal chegou logo depois e acabou detido.
Segundo a Polícia Civil, a mulher trabalhou durante muitos anos como doméstica para os pais de Marina, mas quando o homem morreu, há cerca de 18 anos, com a esposa já idosa, Iva passou a ser tratada pela filha e genro deles em condições semelhantes à de escravidão. Ela teria sido agredida e impedida de sair, sendo obrigada a trabalhar em troca de comida.
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