REUTERSPrimeiras reportagens sobre vazamentos de conversas de Moro foram publicadas dia 9 de junho |
Reportagens baseadas num vazamento de conversas atribuídas a Moro e procuradores no aplicativo Telegram foram publicadas pelo site The Intercept Brasil em 9 de junho, gerando uma série de implicações políticas.
As mensagens mostram o então juiz sugerindo testemunhas, dando pistas sobre futuras decisões e aconselhando membros do Ministério Público Federal, entre eles o procurador Deltan Dallagnol, segundo as reportagens. Pela lei, juízes não podem aconselhar partes de um processo que estejam julgando.
O conteúdo constrangeu envolvidos e foi usado pela defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para reafirmar que Moro não foi imparcial. Julgado pelo atual ministro da Justiça e Segurança Pública em primeira instância, Lula foi condenado por corrupção e está preso desde abril de 2018.
REUTERSO Código de Processo Penal proíbe juízes de auxiliar e aconselhar partes de um processo que esteja julgando |
Conversas polêmicas
O site vem publicando trechos de conversas atribuídas ao juiz e a procuradores em parceria com veículos como Folha de S. Paulo e Veja, que afirmam ter verificado sua autenticidade. Segundo o Intercept, o material foi passado por uma fonte anônima.
Moro inicialmente disse não ver "nada demais" nas mensagens. Depois, disse que podiam ter sido adulteradas e não era possível confirmar autenticidade, pois ele havia saído do Telegram em 2017.
Segundo um inquérito da Polícia Federal, hackers invadiram o celular de Moro em 4 de junho - e também os telefones de outras 900 autoridades.
Na terça-feira, 23, quatro pessoas foram presas pela PF. Entre elas, Walter Delgatti Neto, que disse ter sido autor da invasão. Segundo a Folha, Delgatti afirmou ter repassado o conteúdo sem alterações, de forma voluntária e anônima ao jornalista Glenn Greenwald, fundador do Intercept.
ADRIANO MACHADO/REUTERSO jornalista Glenn Greenwald venceu o Prêmio Pulitzer de jornalismo em 2014 |
Após as prisões, Moro deu declarações indicando que teve acesso à investigação, que corre em sigilo na PF. Ele chegou a contatar outras autoridades para informar que também foram alvo de hackers.
Disse ainda a outro atingido, o presidente do Superior Tribunal de Justiça, João Otávio de Noronha, que o material seria "descartado".
A PF, embora subordinada ao Ministério da Justiça, não pode comunicar ao ministro informações sigilosas.
As declarações de Moro geraram incômodo e novas críticas. Elas aumentaram após ele publicar a portaria 666, que facilita a expulsão de estrangeiros do país, enquanto está sendo prejudicado por informações reveladas por Greenwald, jornalista americano que mora no Brasil.
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