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sexta-feira, 30 de agosto de 2019

Pedido para impedir suspensão do Parlamento do Reino Unido é rejeitado

A decisão de Boris Johnson em suspender o parlamento do Reino Unido causou alvoroço entre partidos políticos do país

© Getty Images
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Um juiz escocês rejeitou nesta sexta-feira (30) a primeira de várias ações apresentadas por deputados e ativistas para impedir a suspensão do Parlamento britânico pelo governo do primeiro-ministro Boris Johnson até 14 de outubro, duas semanas antes da data marcada para o brexit.
O magistrado Raymond Doherty, do principal tribunal civil de Edimburgo, recebeu em caráter de urgência na quinta-feira um grupo de 75 deputados que solicitaram uma medida cautelar provisória sobre o tema. 
"Não estou convencido de que tenha sido demonstrada a necessidade de uma ordem judicial provisória neste momento", afirmou o juiz. Uma nova audiência sobre o tema será realizada em 6 de setembro.
Johnson anunciou na quarta-feira que solicitou à rainha Elizabeth 2ª a suspensão do Parlamento de 9 ou 12 de setembro até 14 de outubro.
A decisão provocou uma onda de indignação, protestos e três ações na Justiça para tentar impedir a medida. As outras duas devem ser examinadas em Londres e Belfast. Inglaterra, Escócia e Irlanda do Norte têm sistemas legais separados.
"Quanto mais os parlamentares tentarem bloquear um brexit sem acordo, mais provável será que nós chegaremos a esta situação", disse Boris nesta sexta, à BBC. 
 Brexit sem acordo Johnson chegou ao poder em 24 de julho para suceder Theresa May -levada a renunciar por ter sido incapaz de concretizar o brexit-, com o discurso de que retiraria o país da UE em 31 de outubro com ou sem acordo.
Há mais de três anos os britânicos decidiram em um referendo abandonar o bloco europeu. A saída, no entanto, inicialmente prevista para março de 2019, foi adiada duas vezes pela rejeição do Parlamento ao acordo de saída negociado por May com a UE.
Johnson se declarou disposto a resgatar o acordo com os 27 desde que o bloco retire do tratado o "backstop", um mecanismo destinado a evitar uma nova fronteira na ilha da Irlanda. Para os defensores do brexit, essa medida manterá o Reino Unido sob controle de Bruxelas.
Se isso não acontecer, o premiê ameaça concretizar um brexit sem acordo. Essa possibilidade é combatida por deputados opositores e alguns membros do próprio Partido Conservador, que está no governo. 
Embora Johnson tenha justificado a suspensão parlamentar dizendo que se trata de uma medida habitual, que permite a todo novo Executivo apresentar seu programa legislativo, os opositores denunciaram que seu verdadeiro propósito era deixar os deputados sem tempo para impedir um brexit sem acordo. 
De acordo com o jornal The Times, depois de anunciar sua decisão, o primeiro-ministro afirmou aos membros de seu gabinete que agora a UE entenderia que a coisa "é realmente séria", o que torna mais provável que aceite suas condições.
Negociações aceleradas Na quinta-feira à noite, Londres anunciou uma aceleração dos contatos com Bruxelas. Em setembro, os negociadores europeus e britânicos se reunirão duas vezes por semana. Mais reuniões técnicas podem ser adicionadas aos dois encontros semanais, que prosseguirão durante a suspensão do Parlamento.
"Me vi estimulado nas últimas semanas por minhas conversas com dirigentes europeus sobre a vontade de falar de soluções alternativas ao antidemocrático backstop", afirmou o primeiro-ministro Boris Johnson em referência ao mecanismo destinado a evitar uma nova fronteira na ilha da Irlanda. "Agora é o momento para que as duas partes acelerem o ritmo", completou.
Londres afirmou que também enviará representantes especializados em fronteiras e em política comercial a Bruxelas para ajudar nas negociações, lideradas por David Frost, assessor do primeiro-ministro.
A aceleração dos contatos responde a um pedido dos britânicos, explicou um porta-voz da Comissão Europeia. "David Frost solicitou reuniões com a Comissão duas vezes por semana para discutir a retirada do Reino Unido. Sempre afirmamos que nossas portas permanecem abertas e demonstramos nossa vontade de trabalhar 24 horas por dia, sete dias por semana ao longo do processo", afirmou."Esperamos que o Reino Unido apresente propostas concretas, assim como o presidente (Jean-Claude) Juncker deixou claro ao primeiro-ministro Johnson no início da semana", completou, em referência a uma conversa telefônica entre os dois líderes.
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