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quarta-feira, 27 de novembro de 2019

Alta do dólar traz incertezas sobre preços e corte de juros

Nesta terça-feira (26), a moeda americana fechou cotada a R$ 4,24, alta de 0,61% - novo recorde histórico


© Pixabay
O dólar registrou nesta terça-feira, 26, forte oscilação, influenciado por declarações do ministro da Economia, Paulo Guedes. Mesmo após duas intervenções do Banco Central, a moeda americana fechou cotada a R$ 4,24, alta de 0,61% - novo recorde histórico. No ano, a variação é de 9,52%, mas só neste mês o avanço chega a 5,76%.


Em entrevista na segunda-feira em Washington, Guedes disse que o País deve se acostumar a conviver com um ambiente de juros baixos e dólar mais alto. Foi a senha para o mercado "testar" um novo patamar para a moeda logo nos primeiros minutos de negociação. No início da tarde, as cotações chegaram a bater em R$ 4,27.
A manutenção desse patamar acima de R$ 4 deve gerar novas incertezas para consumidores como a assistente de ensino Beatriz Pacheco. Com viagem marcada para os EUA em janeiro, ela deixou para comprar dólares às vésperas do embarque. "Eu não comprei porque fiquei na esperança de que fosse bater R$ 4."
As empresas também reclamam de uma possível alta no preço dos insumos importados e da falta de previsibilidade para os negócios. "Sempre falo que o melhor dólar é o dólar estável, indiferente do valor", disse o presidente da Bosch na América Latina, Besaliel Botelho.
Economistas falam em outro efeito: a desaceleração do ciclo de redução dos juros básicos em 2020. José Francisco Lima Gonçalves, do Banco Fator, é um dos que não vê cortes da Selic além de 4,5% - a taxa é hoje de 5% e o Copom ainda tem reunião em dezembro.
Como acontece nas demais economias emergentes, o dólar no Brasil tem subido puxado por fatores internacionais, como a disputa comercial entre EUA e China. Mas no caso brasileiro, segundo economistas, também tem pesado questões como a demora do governo Bolsonaro para avançar na aprovação de novas reformas.
O presidente do BC, Roberto Campos Neto, se referiu ao comportamento do mercado como "disfuncional" e acenou com novas intervenções para corrigir "movimentos de curto prazo". "Essas intervenções não têm capacidade de alterar movimentos de longo prazo, que têm como origem bases macroeconômicas."
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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