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SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - As papelarias sofreram um duro impacto com a migração de produtos de papel para as telas de computadores, celulares e tablets. Mas esse mercado está conseguindo se reinventar com o crescimento do ecommerce e da moda da organização, que espirra da casa para o escritório e a vida pessoal.
Em 2019, o faturamento do setor de papelaria e material escolar cresceu 64% nas vendas online nos seis primeiros dias do ano, quando comparado com o mesmo período de 2018, segundo estudo da Rakuten Digital Commerce.
A data é importante para as vendas de volta às aulas. O aumento indica uma transição do comércio físico para o digital, segundo Hannah Salmen, analista do Sebrae, especialista em mercados de nichos.
A febre de organização, capitaneada pela japonesa Marie Kondo, também impulsiona as vendas de agendas e planners, cadernos para planejamento de tarefas e metas. E, com isso, crescem os negócios que investem em produtos artesanais e exclusivos.
Fundada em 2017, a Magnólia começou com um quiosque no Park Shopping, em Brasília. Hoje, a rede tem 40 em 11 estados, sendo 38 franquias.
O faturamento anual já chega a R$ 15 milhões. Entre os 600 itens à venda, de canetas a agendas, 140 são de produção própria, fabricados por companhias terceirizadas.
O administrador de empresas Thiago Janiques investiu R$ 280 mil na criação do negócio. Ele afirma que a clientela é predominantemente feminina, de adolescentes a executivas. "Ainda há um público fiel ao papel, que tem afeto pelos produtos que podem ser tocados", diz.
Os planners e as agendas (que custam de R$ 29,90 a R$ 89,90) aquecem as vendas no fim do ano.
Em dezembro, elas crescem mais de duas vezes em relação aos outros meses, segundo Janiques. "Nosso mercado é sazonal. Surfamos na volta às aulas e no Natal", diz.
No resto do ano, lançamentos constantes garantem a fidelidade dos consumidores – foram cinco novas coleções em 2019, e o empresário planeja aumentar o ritmo em 2020.
Já a Estúdio Papel apostou no comércio por atacado para aumentar o faturamento. A papelaria começou em 2016 com uma loja virtual e, dois meses depois, foi convidada a abrir um quiosque num shopping na capital paulista.
A marca tem outras duas unidades em shoppings e um ponto de vendas dentro de um empório de luxo. Neste ano, conquistou clientes em diferentes estados, de papelarias a lojas de decoração, ao participar da Escolar Office Brasil, feira internacional do setor realizada em São Paulo.
O maior sucesso de vendas, tanto no varejo quanto no atacado, são os cartões comemorativos – para a surpresa das sócias, a administradora de empresas Julia Wercheim e a designer Kiki Saraiva. São mais de 200 opções, com preços de R$ 15 a R$ 18.
A linha ainda inclui planners, livros do bebê, cadernos de receitas e blocos para diversos fins, como o de listas de compras. As agendas com capa dura custam R$ 119 – para 2020, a Estúdio Papel produziu 5.000 unidades.
"As pessoas estão gostando de se cuidar, de planejar suas rotinas. Os personal organizers nos procuram muito", diz Kiki Saraiva.
"Quando anunciamos que abriríamos uma papelaria, nos chamaram de loucas, diziam que ninguém mais usa papel. Mas sempre vai existir quem goste mais de escrever do que de digitar", completa.
A sócia admite que os produtos da marca são caros, mas diz que a clientela compreende os diferenciais –segundo ela, a matéria-prima importada, o acabamento e os padrões exclusivos. "Quanto mais feminina e colorida a estampa, mais vende", diz.
Uma das peculiaridades do setor é a relação afetiva entre clientes e produtos, o que se torna um desafio para quem realiza apenas vendas online, como a papelaria Meg & Meg, há cinco anos no mercado.
A marca tem cerca de 50 produtos em linha, desde cartelas de adesivos (R$ 19) até livros para registrar o nascimento do bebê (R$ 239).
A fundadora, Jessica Blanco, tem investido em eventos para se aproximar das clientes, na maioria mulheres de 25 a 35 anos. Ela, que é designer de games, já montou em São Paulo oficinas gratuitas de organização, de embrulhos de Natal e de livros do bebê, entre outros temas. Os grupos têm, no máximo, oito pessoas.
"Não sinto falta de ter loja física, mas meu planejamento para 2020 inclui a inauguração de um espaço onde possa realizar oficinas para grupos maiores", afirma.
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