Bolsonaro atacou Vera Magalhães alegando que não divulgou o vídeo que a jornalista informou que ele havia compartilhado, no entanto o ministro Luiz Eduardo Ramos, afirmou que o presidente repassou a peça porque ela faz sua defesa
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O presidente Jair Bolsonaro atacou nesta quinta-feira, 27, a jornalista Vera Magalhães, editora do BR Político e colunista do jornal O Estado de S. Paulo, que noticiou que ele enviou, a seus contatos no WhatsApp, vídeos convocando para manifestações marcadas para 15 de março. Os atos estão sendo divulgados por movimentos de direita para defender do governo federal e atacar o Congresso. Em entrevista na porta do Palácio da Alvorada, Bolsonaro disse que Vera "mentiu" e alegou que compartilhou um vídeo de 2015. Depois, numa transmissão ao vivo, ele voltou a atacá-la.
Na terça-feira, o BR Político revelou que Bolsonaro compartilhou dois vídeos convocando para os protestos. Neles, há imagens do ataque a facada sofrido por Bolsonaro, em setembro de 2018, e de sua internação para tratar do ferimento. O site publicou também o print da tela do celular que mostra o presidente como responsável por compartilhar as mensagens. Na quarta-feira, Bolsonaro afirmou que envia mensagens de "cunho pessoal" a amigos pelo WhatsApp.
"Vera mentiu. Quero que a Vera mostre o vídeo em que eu estou convocando as pessoas para isso", afirmou. "Tem um (vídeo) de 2015, que, por coincidência, no 15 de março houve um movimento, que foi num domingo", afirmou o presidente sem explicar a relação com o que foi divulgado.
Ao jornal O Estado de S. Paulo, o ministro da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos, afirmou, na quarta, que Bolsonaro repassou a peça porque ela faz a defesa do presidente. O ex-deputado Alberto Fraga (DEM-DF), amigo de Bolsonaro, também confirmou ter recebido um outro vídeo, com mesmo teor, do telefone pessoal do presidente.
A divulgação do vídeo tem sido tratada como um endosso, por parte de Bolsonaro, às manifestações. Ela gerou reações no mundo político e jurídico. Já a reportagem do BR Político provocou uma onda de ofensas a Vera por parte de apoiadores do presidente nas redes sociais. A hashstag #VeraFakeNews chegou a ficar nos trending topics.
Na quinta à noite, em sua conta no Twitter, Vera contestou a versão de Bolsonaro de que o vídeo seria de 2015, citando as imagens gravadas na campanha presidencial e depois da posse. "O senhor foi aconselhado a fazer essa live nesses termos? Acho perigoso a um presidente mentir em rede nacional. Acrescenta mais uma à sua lista de condutas impróprias", escreveu a jornalista.
A Diretoria de Jornalismo do Grupo Estado lamentou as declarações do presidente: "O Estado de S. Paulo lamenta que o Presidente da República ataque a jornalista Vera Magalhães acusando-a de mentir por ter revelado que ele divulgou via WhatsApp dois vídeos conclamando a participação nas manifestações. Ao agir assim, ignorando os fatos, endossa conteúdos falsos vinculados ao tema que circulam nas redes sociais, algumas com ameaças veladas, direcionadas à Vera Magalhães."
Pouco depois de falar na porta do Alvorada, Bolsonaro fez uma transmissão ao vivo pelo Facebook em que repetiu a versão de que o vídeo seria apoio a manifestações em 2015. Ele disse que mandou a mensagem a 50, 60 pessoas, "ministros, algumas personalidades". As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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