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Capitão reformado do exército, Bolsonaro é um defensor do regime militar que vigorou no Brasil entre 1964 e 1985.
O golpe inaugurou uma ditadura que durou 21 anos, período em que o país teve cinco presidentes militares.
Em seu momento de maior repressão política, o regime fechou o Congresso Nacional e as assembleias estaduais.
Relatório final da Comissão Nacional da Verdade, apresentado em 2014, afirmou que 423 pessoas foram mortas ou desapareceram no período que vai de 1964 a 1985. Segundo a comissão, os crimes foram resultado de uma política de Estado, com diretrizes definidas pelos presidentes militares e seus ministros.
Bolsonaro não foi a única autoridade a defender o regime de exceção. O vice-presidente, general Hamilton Mourão, publicou uma homenagem em sua conta no Twitter.
"Há 56 anos, as forças armadas intervieram na política nacional para enfrentar a desordem, subversão e corrupção que abalavam as instituições e assustavam a população. Com a eleição [indireta] do general Castello Branco [o primeiro presidente da ditadura], iniciaram-se as reformas que desenvolveram o Brasil", escreveu o vice.
Além das manifestações do presidente e seu vice, o Ministério da Defesa publicou, na noite de segunda (30), uma ordem do dia alusiva à data. O texto chama a tomada de poder pelos militares de "marco para a democracia brasileira".
A ordem do dia também diz que, à época, "a sociedade brasileira, os empresários e a imprensa entenderam as ameaças daquele momento, se aliaram e reagiram". O ministério se refere às supostas ameaças como "ingredientes utópicos" que "embalavam sonhos com promessas de igualdades fáceis e liberdades mágicas". "O movimento de 1964 é um marco para a democracia brasileira. Muito mais pelo que evitou", conclui o documento.
Nesta terça no Alvorada, Bolsonaro também foi questionado sobre as declarações de seu ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta. Na segunda (30), o ministro disse que, diante da pandemia do novo coronavírus, não adianta isolar apenas os idosos, como tem defendido o presidente.
"Qualquer medida que fale em movimentação da nossa sociedade não pode deixar de olhar para esse gráfico aqui. Então é só pegar as pessoas acima de 60 anos e cuidar? Como se essas pessoas estivessem dentro de uma cápsula. Essas pessoas moram com vocês, essas pessoas têm netos, filhos, trabalham, pegam ônibus, são ambulantes. São eles que podem ser [as maiores vítimas], os próprios ambulantes que a gente quer acelerar e cuidar da economia informal", disse Mandetta.
O presidente reagiu à fala nesta terça. Primeiro, disse que não sabia o que seu subordinado tinha falado e em seguida afirmou: "não se esqueça de que eu sou o presidente".
Bolsonaro também usou uma fala do diretor-geral da OMS (Organização Mundial da Saúde), Tedros Adhanom Ghebreyesus, para justificar seus argumentos de que a população precisa voltar a trabalhar para não sofrer os prejuízos econômicos do período de isolamento.
"Vocês viram o que o diretor da OMS falou? Que tal eu ocupar a rede nacional de rádio e TV à noite para falar sobre isso? O que ele disse praticamente? [Que,] Em especial os informais, têm que trabalhar".
Apesar de mencionar o diretor-geral OMS em sua declaração, Bolsonaro não mencionou que o dirigente da organização internacional também destacou que o isolamento social é hoje a principal medida de enfrentamento ao Covid-19.
A entrevista de Bolsonaro nesta terça foi marcada por interrupções de seus apoiadores.
Em determinado momento, um dos simpatizantes, que gravava a conversa, acusou os repórteres presentes de "jogar os ministros contra Bolsonaro" e, aos gritos, os chamou de "canalhas".
Diante das queixas dos repórteres de que o objetivo da entrevista era ouvir o presidente, e não um apoiador, Bolsonaro respondeu: "é [o apoiador] ele que vai falar".
Nesse momento, os profissionais de comunicação presentes na coletiva se afastaram da área de imprensa e se retiraram da entrevista.
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