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segunda-feira, 30 de março de 2020

Uso massivo pode deixar rede lenta, mas especialistas descartam apagão

Algumas plataformas de streaming estão limitando o volume de dados trafegados em vídeos para evitar colapso na rede

© DR
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - As maiores operadoras do país liberaram conteúdos de TV e streaming e anunciaram bônus de dados no celular. O Globoplay, serviço de streaming da Globo, limitou o volume de dados trafegados em vídeos para evitar colapso de infraestrutura.

O Facebook, dono do WhatsApp, dobrou a capacidade dos servidores para seu aplicativo de conversa, líder entre os mensageiros no Brasil.
O isolamento imposto pelo novo coronavírus tem alterado o comportamento de diversas redes no mundo. No Brasil, o IX.br (Brasil Internet Exchange) –responsável pelos pontos públicos de troca de tráfego entre operadoras– divulgou um pico histórico há dez dias, que já foi superado.
Em São Paulo, o pico de uso subiu 25% em relação ao nível de três semanas atrás. Isso demonstra que redes antes ociosas, como as residenciais, estão superutilizadas.
Apesar de ser atribuído a serviços de streaming, a grande novidade desse cenário é a enxurrada de chamadas de voz no celular ou videoconferências, como as feitas pelo Zoom ou pelo Skype.
O tráfego desse tipo de conteúdo passa por redes chamadas ponto a ponto (P2P), que dependem mais da infraestrutura como um todo do que a transmissão de conteúdos da Netflix ou do Youtube.
Uma videochamada de WhatsApp de São Paulo ao interior da região Sul, por exemplo, sai da operadora, vai ao ponto de troca de tráfego, ao operador de backbone (infraestrutura de transmissão por fibra ótica entre servidores a longa distância) e ao provedor local.
Já um vídeo do Netflix ou do YouTube sai de um CDN –um servidor com cópias de arquivos alocado em diversos servidores– o que permite uma distribuição mais linear.
"Não devemos ter problema com Netflix porque ela, Google [dona do YouTube], e Facebook têm CDN dentro de muitos provedores. Isso não congestiona muito a rede", diz André Rodrigues, da Abrint, associação brasileira de provedores.
O problema está nos operadores que não se prepararam para um pico de demanda do tipo, que parecia improvável antes da epidemia, quando as pessoas não usavam a totalidade da banda contratada em seus pacotes de internet. O risco de colapso, entretanto, não é uma preocupação.
"O risco é a lentidão. A operadora faz estatísticas contando que ninguém vai pedir 200 mega ao mesmo tempo, mas se todo mundo pede, fica lento", diz Tadeu Viana, diretor da Corning, fornecedora de fibra ótica.
Segundo ele, grande parte da população se conecta à internet por fios da TV a cabo. Nessas estruturas, é difícil escalar mais dados do que o projetado. Na fibra ótica, o remanejamento é possível por meio de roteadores.
"Apagões em redes individuais acontecem. Mas a infrae- strutura que sustenta o sistema é tão distribuída territorialmente, e a quantidade de rotas para se chegar a um mesmo lugar é tão variada, que é improvável que tudo colapse de uma vez só", diz Diego Canabarro, da Internet Society.Paula Soprana
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