Ninguém foi preso e nenhum trabalhador sofreu ferimento.
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O episódio aconteceu na manhã de quinta-feira, 28. Um inquérito foi instaurado para investigar o caso. Ninguém foi preso e nenhum trabalhador sofreu ferimento. Ontem a Andrade Gutierrez decidiu suspender os trabalhos por 15 dias.
No domingo, 24, um homem que trabalha na obra do Linhão T-BAPI em Pilão Arcado (BA), morreu nos hospital de Buritirama (BA) depois de apresentar sintomas da covid-19. A Andrade Gutierrez, responsável pela obra, fez teste nos trabalhadores, constatou que 34 deles estavam contaminados e decidiu levar tanto os que testaram positivo quanto os suspeitos de contaminação para locais onde pudessem ficar em isolamento. Parte foi transferida para Barreiras (BA) e outra parte para Campo Alegre de Lourdes.
Segundo a prefeitura de Campo Alegre, os trabalhadores foram alojados em duas pousadas e uma casa. A Vigilância Sanitária municipal fez testes rápidos nos trabalhadores e identificou outros dois contaminados.
A notícia rapidamente se espalhou levando pânico à população. Na quarta-feira a prefeitura pediu à construtora que os trabalhadores fossem levados para outra cidade, com mais infraestrutura de saúde, já que Campo Alegre, com seus 28 mil habitantes, não teria condições de atender à demanda.
"Após intensa negociação durante todo o dia, entre a Prefeitura e o Consórcio Linhão T-BAPI, ficou acordada a transferência de todos os funcionários que aqui estavam para a cidade de Barreiras [que tem 155 mil habitantes]", disse a prefeitura, em nota. "No entanto, ao amanhecer do dia de hoje (28) tivemos a informação de que a empresa havia transferido os funcionários da sede do município para o canteiro de obras do povoado de Angico (da estrada do Remanso), causando uma revolta muito grande na população da comunidade", complementa a prefeitura.
Segundo relato de um servidor municipal que não quis se identificar, um grupo de moradores do vilarejo de Angico, alguns deles armados, foi até o canteiro de obras e, sob ameaças, expulsou os trabalhadores. Na sequência, os moradores atearam fogo ao galpão de lona onde os trabalhadores fariam a quarentena provocando um início de incêndio.
A Andrade Gutierrez, também por meio de nota, informou que as obras foram suspensas. Os trabalhadores que tiveram testes negativos voltaram para suas cidades de origem e foram orientados a cumprir quarentena em suas casas. Os contaminados continuam em isolamento em alojamentos da empresa.
"A construtora e o consórcio ressaltam que o isolamento não coloca em risco a população local, uma vez que as instalações têm amplo espaço e todos os cuidados estão sendo adotados (...) Além disso, a medida de paralisação também foi tomada visando a integridade física dos colaboradores, uma vez que populares usaram de violência nos últimos protestos, inclusive com uso de armas. A Andrade Gutierrez e o consórcio lamentam a postura violenta de populares que em nada contribui para a resolução de um problema de saúde pública e lembram que seus funcionários são um extrato da sociedade, estão exercendo suas profissões e trabalhando pelo país, portanto merecem respeito e acolhimento de todos", disse a construtora.
A Andrade Gutierrez não informou em quais cidades ficam os alojamentos. A prefeitura de Campo Alegre de Lourdes ingressou com uma ação judicial na qual pede a retirada dos trabalhadores contaminados da cidade sob pena de multa de R$ 50 mil por dia.
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