Um grupo pequeno de militantes bolsonaristas começou se mobilizar para dispersar os profissionais de enfermagem, cercando-os, gritando ofensas e distribuindo empurrões.
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O termo circunstanciado com os indiciamentos chegou ao Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios nesta sexta-feira (29).
Foram indiciados Sabrina Nery Silva, Marluce Carvalho de Oliveira Gomes e Renan da Silva Sena.
Os suspeitos, no entanto, foram indiciados por infrações de menor poder ofensivo. Vão responder pelos crimes de injúria e por infringir determinação do poder público destinada a impedir introdução e propagação de doença contagiosa - por conta das políticas de combate à pandemia de coronavírus.
Além dos outros dois crimes previstos no Código Penal, Sena também vai responder sob suspeita de ameaça. O processo corre em segredo de Justiça.
A reportagem não conseguiu contato com os indiciados nesta sexta-feira.
Além dos boletins de ocorrência registrado pelas vítimas, o procurador-geral da República, Augusto Aras, havia solicitado ao Ministério Público do Distrito Federal que investigasse as agressões naquele fim de semana -jornalistas também foram agredidos dois dias depois.
Após a liberação do termo circunstanciado pela Justiça do Distrito Federal (procedimento padrão, apenas para que o caso ganhe um número processual), o caso seguirá portanto para análise do próprio MPDFT, que vai decidir se oferece denúncia contra os acusados.
As agressões promovidas por militantes bolsonaristas naquele fim de semana começaram no feriado do Dia do Trabalho, sexta-feira, 1º de maio.
Cerca de 60 profissionais de enfermagem realizavam um protesto silencioso na Praça dos Três Poderes em homenagem aos colegas de profissão mortos durante o combate à pandemia do novo coronavírus.
Os participantes também exibiam cartazes pedindo melhores condições de trabalho durante a epidemia e para que as pessoas respeitassem as políticas de isolamento social.
Apesar de ser um ato público, os profissionais de saúde resguardavam espaços vazios entre eles, para evitar infecções pelo coronavírus.
Um grupo pequeno de militantes bolsonaristas começou se mobilizar para dispersar os profissionais de enfermagem, cercando-os, gritando ofensas e distribuindo empurrões. Renan da Silva Sena chegou a cuspir em uma estudante que defendia as colegas.
Sena era funcionário terceirizado no MDH (Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos), comandado por Damares Alves.
Ele havia sido contratado pela empresa G4F Soluções Corporativas, que tem um contrato de R$ 20 milhões com o ministério. A pasta efetivou o desligamento do funcionário dias após o episódio.
Dois dias após os atos dos profissionais de enfermagem, no domingo, uma manifestação em favor do presidente Jair Bolsonaro, na mesma região, terminou com jornalistas agredidos pelos militantes.
O fotógrafo Dida Sampaio, do jornal O Estado de S. Paulo, chegou a ser derrubado e foi vítima de chutes e socos.
A Polícia Civil informou que segue investigando essas outras agressões, contra jornalistas, mas ainda não identificou os suspeitos.
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