A iniciativa faz parte do projeto “PSI Covid” e consiste na realização de videochamadas entre pacientes e familiares por meio de aparelhos celulares
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Segundo disse hoje (30) à Agência Brasil a médica Silvana Ferreira, chefe da Unidade Docente Assistencial de Psiquiatria do Hupe, “entrar em contato com os familiares diminui muito a ansiedade da internação e a ansiedade dos familiares também”. Silvana divide a coordenação do projeto com o psicólogo e professor da Uerj, Vinícius Darriba.
Silvana informou que ainda não houve tempo suficiente para se analisar a questão da evolução dos pacientes após o início das visitas virtuais. “Mas, de qualquer forma, é uma humanização muito importante do processo de internação (pela covid-19), visto que o isolamento é absolutamente necessário. Não tem como fazer de outra forma, em função da alta infectividade desse vírus”. A médica destacou que a ideia do projeto é minimizar o sofrimento causado pelo processo de internação, “que já é tão grande pelo próprio processo de doença”, e mais especificamente do isolamento.
Intensificação
O projeto será intensificado a partir da próxima segunda-feira (4), visando atender os 53 leitos para internação pela covid-19 em enfermarias do Hupe, até agora. Estão fora do projeto os pacientes internados em CTIs, que se acham sedados. Antes do começo do projeto, as equipes faziam a interligação dos pacientes com seus familiares sem uso de celular, explicou a psiquiatra. “Faziam os contatos e passavam as notícias de forma subjetiva”.
Silvana Ferreira avaliou que os pacientes se sentem mais acolhidos com as visitas virtuais, podendo receber, dar notícias e tranquilizar seus familiares. “Diminui o desgaste emocional, o sofrimento relacionado ao isolamento, evitando que surjam quadros de transtornos depressivos e de ansiedade. Você consegue diminuir o surgimento de agravos à saúde mental fazendo isso”.
Cuidados
De acordo com a chefe da Unidade Docente Assistencial de Psiquiatria do Hupe, todo cuidado é adotado pelas equipes que lidam com os pacientes internados com covid-19, tendo em vista que o vírus sobrevive em superfície e o celular pode se transformar em um vetor de contaminação para todas as pessoas que estão ali circulando, em especial os profissionais de saúde.
Os celulares estão sendo doados pelas pessoas envolvidas no projeto, residentes, familiares, amigos. Os aparelhos são manipulados, nas visitas virtuais, por membros da equipe PSI Covid, em especial dez residentes de psiquiatria e seis de psicologia, devidamente paramentados. “O paciente não toca no celular”, observou a médica do Hupe. “Os residentes ligam para um familiar de referência do paciente internado e os dois conversam”. Depois da ligação encerrada, o aparelho é higienizado, o que ocorre também antes da manipulação, e guardado com a equipe.
Após a pandemia, uma coisa que poderá ficar da experiência do projeto PSI Covid é a possibilidade de atendimento a distância. Silvana esclareceu que, agora, a ideia não é só fazer as visitas virtuais, mas também oferecer atendimento psicológico a distância a esse paciente que está isolado, por meio do celular. “Isso pode se manter de forma mais ampla em relação à assistência do paciente”.
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