As queimadas no Pantanal e na Amazônia foram proibidas por 120 dias em decreto do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) de 16 de julho, mas há incêndios que já duram cinco dias em Mato Grosso
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RIBEIRÃO PRETO, SP (FOLHAPRESS) - O avanço dos focos de incêndio no Pantanal fizeram o governo de Mato Grosso do Sul decretar situação de emergência no estado e a pedir reforço para combater as queimadas. Em Mato Grosso, a fumaça chegou até mesmo a Cuiabá neste final de semana.
As queimadas no Pantanal e na Amazônia foram proibidas por 120 dias em decreto do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) de 16 de julho, mas há incêndios que já duram cinco dias em Mato Grosso.
No estado, os focos registrados na região de Poconé durante a última semana têm feito com que a fumaça atinja a capital, Cuiabá, distante mais de 100 quilômetros, e mude o cenário da cidade.
O município de Poconé, onde se localiza o Parque Nacional do Pantanal Matogrossense, é o líder de queimadas no primeiro semestre do ano. Entre janeiro e junho de 2019 foram três focos de incêndio, enquanto nos primeiros seis meses de 2020 foram 99.
A estimativa é que já tenham sido queimados cerca de 26 mil hectares de vegetação (o equivalente a 36.414 campos de futebol padrão Fifa) nos últimos cinco dias, de acordo com o Corpo de Bombeiros de Mato Grosso.
O cenário fez com que representantes do comitê estadual de gestão do fogo –que abrange mais de 10 instituições dos governos estadual e federal, entidades civis e ONGs– se reunisse na última sexta-feira (24) com a Famato (Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Mato Grosso) e o Sindicato Rural de Poconé para definir ações de combate com os produtores rurais.
Segundo a Secretaria de Estado do Meio Ambiente, pistas de pouso estão sendo ampliadas, para permitir a descida de aviões de combate aos incêndios, e tratores têm sido utilizados para construir linhas de defesa para o combate ao incêndio.
O Corpo de Bombeiros informou que as equipes terrestres estão atuando na região desde terça-feira (21) e o incêndio é classificado como "de grandes proporções".
"Existem diversos fatores que complicam a atuação das equipes, como falta de acesso por estradas, ausência de pontos de ancoragem para impedir a progressão do incêndio, extensas planícies com material combustível, bem como ausência de pistas próximas para a realização do combate aéreo", diz comunicado do órgão estadual.
APOIO AÉREO
Bombeiros de seis cidades sul-matogrossenses –Corumbá, Jardim, Aquidauana, Maracaju, Ponta Porã e Campo Grande– foram mobilizados para as ações de combate aos focos de incêndio no Pantanal e atuarão com 18 brigadistas do Prevfogo, do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis).
O decreto do governador Reinaldo Azambuja (PSDB) de situação de emergência faz parte de um pacote para ampliar o combate aos focos de calor no Pantanal, principalmente na borda do rio Pantanal, em frente às cidades de Corumbá e Ladário.
Até esta segunda-feira (27) chegarão mais aeronaves para serem utilizadas na operação Pantanal 2, que também se somarão às equipes do Corpo de Bombeiros, da Polícia Militar Ambiental e do Ibama que atuam no combate aos incêndios desde o surgimento dos focos.
No combate serão utilizados helicópteros em voos de reconhecimento, transporte de brigadistas e lançamentos de água. Aeronaves Hércules C-130, da FAB (Força Aérea Brasileira) vão decolar de Campo Grande durante a semana para combater os focos.
A estratégia, conforme o governo do estado, foi definida a partir de reuniões com os ministros Ricardo Salles (Meio Ambiente) e Fernando Azevedo (Defesa).
RECORDE NEGATIVO
No primeiro semestre, as queimadas no Pantanal atingiram o maior número já registrado na série histórica do Programa Queimadas, do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais).
Entre janeiro e junho, o Pantanal teve 2.534 focos de incêndio, 158% a mais em relação ao mesmo período do ano passado (981), ano que os incêndios no bioma já foram muito superiores ao de períodos anteriores.
Mesmo a pandemia do novo coronavírus não freou o fogo. Março e abril foram meses com o maior número de focos de incêndios já vistos no bioma para esses meses, 602 e 784 focos, respectivamente. Junho teve número de queimadas (406) próximo ao recorde, de 2005 (435).
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