A editora Simon & Schuster poderá manter o lançamento de "Too Much and Never Enough: How My Family Created the World's Most Dangerous Man" (demais e nunca o bastante: como minha família criou o homem mais perigoso do mundo)
© Carlos Barria/Reuters |
Com a decisão, a editora Simon & Schuster poderá manter o lançamento de "Too Much and Never Enough: How My Family Created the World's Most Dangerous Man" (demais e nunca o bastante: como minha família criou o homem mais perigoso do mundo), programado para 28 de julho.
No livro, Mary, uma psicóloga de 55 anos, relata suas experiências com uma "família tóxica" na casa de seus avós. Ela é filha do irmão mais velho do presidente americano, Fred Trump 2º, que morreu de alcoolismo em 1981, aos 42 anos.
Na terça (30), outro juiz havia emitido uma ordem de restrição temporária contra a publicação do livro até 10 de julho, quando será realizada uma audiência com a presença de Mary e de representantes da editora.
O pedido veio de um irmão do presidente, Robert Trump, segundo o qual a publicação violaria acordo de confidencialidade sobre a disputa pela herança de Fred Trump, pai do presidente e avô de Mary, morto em 1999.
Durante o litígio, Mary e seu irmão, Fred Trump 3º, moveram processo contra três tios -Donald, Robert e Maryanne Trump- por se considerarem roubados pelos novos termos do testamento do avô. A família acabou fazendo um acordo fora dos tribunais.
Na decisão desta quarta, o juiz Scheinkman entendeu que o acordo de confidencialidade não se aplica à editora Simon & Schuester e adiou o julgamento sobre uma eventual violação por parte de Mary Trump.
Para ele, o acordo firmado há duas décadas pode ter sido alterado quando Trump se tornou presidente.
"O interesse legítimo em preservar os segredos da família pode ser uma coisa para a família de um promotor imobiliário, não importa o quão bem-sucedido ele seja", escreveu Scheinkman. "É outra questão para a família do presidente dos Estados Unidos."
O juiz disse ainda que ele próprio pode ter que revisar o livro para decidir se sua publicação viola os termos de confidencialidade.
Theodore Boutrous, advogado da sobrinha do atual presidente, afirmou que a suspensão do bloqueio é "uma ótima notícia".
"Esperamos poder explicar no tribunal por que o mesmo resultado deve ser aplicado para a senhora Trump, com base na Primeira Emenda e na lei básica sobre contratos", disse.
Para Boutrous, o livro "aborda questões de grande interesse e importância pública sobre um presidente em exercício em um ano eleitoral" e "não deve ser censurado nem por um dia".
De acordo com a descrição do livro na Amazon americana, Mary "descreve um pesadelo de traumas, relacionamentos destrutivos e uma combinação trágica de negligência e abuso".
A editora afirma que a sobrinha de Trump "lança uma luz brilhante sobre a história sombria de sua família, a fim de explicar como seu tio se tornou o homem que agora ameaça a saúde, a segurança econômica e o tecido social do mundo".
"Ela é a única Trump disposta a dizer a verdade sobre uma das famílias mais poderosas e disfuncionais do mundo."
Mary deve detalhar uma história sobre a reação de Trump à disputa pelo espólio do pai: cortar a assistência médica do sobrinho neto, filho de Fred Trump 3º, que nascera 18 meses antes, com paralisia cerebral.
É esperado que a sobrinha do presidente também revele ter sido a principal fonte de uma série de reportagens do jornal americano The New York Times vencedora do prêmio Pulitzer.
Em um comunicado, a editora Simon & Schuster afirmou que existem precedentes jurídicos bem estabelecidos contra liminares e restrições prévias à publicação de livros.
Recentemente, a mesma editora ganhou na Justiça o direito de publicar o livro escrito pelo ex-assessor de Segurança Nacional da Casa Branca John Bolton.
"The Room Where It Happened: A White House Memoir" (a sala onde aconteceu: um livro de memórias da Casa Branca) denuncia movimentações do presidente americano para prejudicar seus adversários políticos e favorecer seus interesses pessoais -em especial, sua reeleição em novembro.
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