Apesar de todas as vantagens, ausentar-se do "mundo lá fora" ou "esquecer" que vivemos uma crise de saúde pública não é uma boa ideia
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É inegável que reabertura gradual dos parques trouxe um alívio aos quarentenados de São Paulo. São reconfortantes as cenas de crianças brincando ao ar livre, de pessoas retomando suas caminhadas matinais ou passeios de bicicleta. Mas, apesar de todas as vantagens, ausentar-se do "mundo lá fora" ou "esquecer" que vivemos uma crise de saúde pública não é uma boa ideia.
Avisos sobre normas de conduta e distanciamento, medição de temperatura e até uma cabine de desinfecção (em parques como o Vila Lobos e o Parque da Juventude) não bastam para alertar alguns frequentadores de que a vida ainda não voltou ao normal.
No Parque do Ibirapuera, por exemplo, a reportagem flagrou algumas pessoas sem máscara. Ao serem perguntadas sobre o motivo do descuido, a maioria logo se desculpa e diz ter tirado a proteção apenas para "dar uma respiradinha". Também é possível encontrar quem assuma o erro, mas confesse "não conseguir praticar nenhum esporte de máscara".
Existe ainda um terceiro grupo mais barulhento e negacionista. Ao ser abordado, um homem sem máscara cumpriu o roteiro conhecido do "vocês não sabem com quem estão falando", "tenho duas pós-graduações" e "imprensa marrom".
No Parque Vila Lobos, que tem protocolos rígidos para entrada, um grupo de jogadores de futebol treina sem ser incomodado. Com a bola rolando, as máscaras vão para o queixo. "A pandemia atrapalhou nosso treino. Mesmo agora, a gente tem sido interrompido pelo segurança enquanto treinamos", disse Carlos Eduardo, 18 anos. A prática de esportes coletivos ainda não está permitida nos parques.
O que também continua vedado é o uso dos parquinhos e mesmo dos equipamentos de ginástica. Nos parques, esses equipamentos estão isolados com faixas de segurança. Mesmo assim, no Parque da Água Branca, uma dupla ignorou os sinais de proibição e se entregou aos exercícios e brincadeira. "Pode tirar foto da gente. Tira mesmo", disse um dos garotos para o fotógrafo.
No mesmo Parque da Água Branca, um grupo de idosos se reúne ao redor do violão de Antônio Jorge, 69 anos. Com a máscara fora do lugar, ele cantava uma música do Raul Seixas. Em poucos minutos, um segurança do parque aproximou-se e pediu para que ele recolocasse a proteção no rosto. "Por favor, o pessoal da administração está no nosso pé (dos seguranças), coloque sua máscara", disse o funcionário do parque.
Ainda no grupo de idosos, uma reivindicação se sobressaiu: a volta dos bailes da terceira idade no Parque da Água Branca. "O salão está fechado desde o início da pandemia. Acho que se estão reabrindo as coisas, podiam voltar com o espaço. A gente está de máscara, estamos tomando cuidado, mas precisamos da distração do baile. Não queremos fazer aglomeração", afirmou José Carlos Maciel, 71 anos.
Aglomeração, aliás, não é o problema do Parque na Juventude, na zona norte. Na tarde da última quarta-feira, a reportagem contou cinco frequentadores no espaço. Com a ETEC Parque da Juventude ainda fechada, o espaço está vazio. Sorte da patinadora Fernanda Bovo, 22 anos, que depois de cinco meses voltou a treinar. "Para quem precisa de espaço para voltar ao treino com segurança, esse vazio está perfeito", contou.
E por falar em espaços vazios, o gramado do Parque do Carmo, na zona leste, estava ocupado de forma racional pelos frequentadores. Mesmo sem espaços delimitados no chão, famílias conseguiam manter um bom distanciamento uma das outras. "Agora a gente pode sair com as crianças. Isso traz um alívio muito grande. Com cuidado, muita coisa é possível, como trazer a filha para brincar no parque em um dia de sol", disse Taís Almeida, 25 anos.
A vida sob o sol parece proporcionar um 'remédio' contra a ansiedade que a falta de atividades ao ar livre provocou em muita gente. "Meu filho estava com insônia. Não dormia direito. Ao poder sair de casa, frequentar um parque, ele melhorou muito", contou a assistente jurídica do Tribunal de Justiça, Viviane Alguz, 45 anos.
Se melhorou a saúde, também mexeu com o bolso. A vendedora de coco do Parque do Ibirapuera, Patrícia Oliveira, 29 anos, contou que passou quatro meses sem poder trabalhar e sobreviveu apenas com o dinheiro do auxílio emergencial do governo. "Foi um período muito difícil. Ainda está sendo. Nem todo mundo voltou a frequentar o parque. Ainda assim, agora, temos uma esperança de melhora", afirmou.
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