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segunda-feira, 3 de agosto de 2020

Manifestações e bloqueios contra nova data das eleições na Bolívia

De acordo com os últimos dados, a Bolívia registra 80.153 contágios e 3.153 mortos desde o surgimento dos primeiros casos em março.

© DR
A Bolívia assistiu hoje a bloqueios e manifestações de setores sociais que exigem a manutenção das eleições legislativas para 06 de setembro, após um adiamento decidido pelo órgão eleitoral do país, que impôs a data de 18 de outubro. Os protestos mais intensos ocorreram em Senkata, uma zona de El Alto, cidade vizinha de La Paz, que liga as duas cidades com o resto do país, e em Cochabamba, onde se situa a ligação de uma das vias com a região leste.


Foram ainda registrados bloqueios em algumas zonas dos departamentos orientais de Santa Cruz e Beni, indicou a agência de notícias Efe.
Centenas de pessoas nas ruas, muitas em ajuntamentos, impediram a passagem de veículos em cumprimento da "paralisação permanente" decretada a partir de hoje pela Central Operária Boliviana (COB), que decidiu aplicar um bloqueio nacional de estradas apesar da reunião que manteve na semana passada com o Tribunal supremo eleitoral.
No encontro, o órgão eleitoral argumentou sobre a proposta de uma nova data para as eleições, e que já tinha sido adiadas após a convocação inicial para 03 de maio e então justificadas pelo aumento dos contágios da covid-19 no país.
O ex-presidente Evo Morales, que permanece líder do Movimento para o Socialismo (MAS, esquerda e a principal força no parlamento) apesar do seu exílio, acusou o atual governo de pretender ganhar tempo para "continuar a perseguir os dirigentes dos movimentos sociais e os candidatos do MAS".
O MAS e a COB consideram que o adiamento da votação se destina a comprometer as hipóteses de Luis Acre, o seu candidato às presidenciais. Este dirigente está lado a lado nas sondagens com o antigo presidente Carlos Mesa, candidato do centro-direita à chefia do Estado.
Mesa apoiou o adiamento das eleições, e as sondagens colocam-no com 26% das intenções de voto, à semelhança de Acre, ambos muito à frente da presidente interina de direita, Jeanine Áñez, que se situa nos 14%.
O ministério da Saúde já criticou os protestos de hoje, e os atuais dirigentes do país já interpuseram uma nova queixa judicial contra Morales, exilado na Argentina, mas que acusam de fomentar esta nova onda de protestos.
De acordo com os últimos dados, a Bolívia registra 80.153 contágios e 3.153 mortos desde o surgimento dos primeiros casos em março.
No domingo foram anunciados 89 óbitos devido ao novo coronavírus, e que representa o dia com maior quantidade de mortes.
Estes números colocam a Bolívia entre um dos países do mundo mais afetados pela pandemia e em função da sua população, cerca de 11,5 milhões de habitantes, indica um estudo da universidade norte-americana Johns Hopkins.
A Bolívia deve eleger um presidente, vice-presidente, deputados e senadores, em comícios adiados desde a anulação do escrutínio de outubro de 2019 entre acusações de fraude, ainda sob investigação judicial, a favor de Evo Morales
O ex-chefe de Estado foi declarado vencedor nas presidenciais, mas anunciou a sua renúncia ao referir que estava sendo pressionado por um golpe de Estado para abdicar do seu triunfo e abandonar o poder.
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