12 participantes da caminha cultural foram constrangidos pela polícia militar
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SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A Caminhada São Paulo Negra, um city tour organizado pela Black Bird Viagem que ocorre semanalmente para contar a história de lugares e personagens negros de São Paulo, acabou com o grupo de 12 participantes constrangidos pela polícia militar.
O fato ocorreu no sábado (24), a partir das 10h, no início do trajeto. Na ocasião, o grupo estava na Praça da Liberdade (região central), quando foi abordado por quatro policiais militares.
"Eles disseram que tinham recebido um ofício informando que ocorreria uma manifestação do movimento negro e iriam acompanhar. Um dos guias explicou que se tratava de um passeio turístico, comprovando com documentos, como CNPJ da empresa e anúncio do passeio, mas eles ignoraram, e dois policiais de moto começaram a nos seguir", conta o jornalista e idealizador da caminhada, Guilherme Soares Dias, 35.
"Durante três horas, eles foram filmando, com uma distância relativamente perto e nós ficamos coagidos e constrangidos com a situação. Parecia que tinha alguma coisa de errado com a nossa atividade. Primeiro, a gente achou que fosse algo relacionado à pandemia, mas entendemos que não. No trajeto, encontramos uma candidata a vereadora com mais de 30 pessoas", diz Dias.
Ao final da caminhada, os PMs solicitaram que os responsáveis pelo grupo assinassem um ofício para comprovar que acompanharam o evento, mas os líderes do passeio não concordaram.
Segundo Dias, foi a primeira vez que um grupo de passeio liderado pela sua empresa passa por este tipo de situação envolvendo a PM.
"Tentamos tratar o assunto com leveza, mas as pessoas se sentiram bastante incomodadas." O grupo tinha participantes brancos e negros, com idades entre 25 e 45 anos.
À reportagem Dias relatou que fez um boletim de ocorrência on-line para relatar o fato e vai procurar a Delegacia de Crimes Raciais para fazer o registro de forma criminal. "Como empresa, nós temos o direito de saber quem mandou o ofício e porquê nos acompanharam por três horas."
Por conta da pandemia de Covid-19, o grupo interrompeu a atividade por sete meses. Com a abertura da economia, retornou com novas regras, como limitação de pessoas, distanciamento físico e uso de máscaras.
"O próprio governo do estado está incentivando a volta das atividades econômicas e o setor de turismo foi um dos mais afetados. Infelizmente, na nossa primeira atividade tivemos esse episódio. Para nós era importante a grana que estava entrando e retomar a narrativa, porque é um projeto empresarial", afirma Dias.
O passeio custa R$ 60 por participante. No trajeto estão incluídos lugares como a Praça da Liberdade, Capela dos Aflitos, Praça Sete de Setembro, Largo São Francisco, viaduto sobre o Terminal Bandeira, Anhangabaú, Largo da Memória, rua Sete de Abril e Largo Paissandu.
Novas caminhadas estão previstas para os dias 8 e 20 de novembro. As inscrições podem ser feitas pelo site da empresa promotora do evento.
Pela iniciativa da Caminhada São Paulo Negra, a Black Bird Viagem concorre ao prêmio instituído pela plataforma Lugares pelo Mundo, na categoria Impacto social. São premiados processos e ações que impactam a vida das pessoas de alguma forma, com viés do turismo.
OUTRO LADO
Em nota, a PM esclarece que, por se tratar de um evento com uma grande concentração de público, foi realizado o acompanhamento como regularmente é feito a fim de garantir a segurança do grupo e demais cidadãos.
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