A nova classificação terá validade até 4 de janeiro de 2021, mas pode ser alterada se for notada alteração nos indicadores.
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SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O anúncio de que a cidade de São Paulo e outras regiões do estado que estavam na fase verde do Plano SP de combate ao coronavírus terão que regredir para a fase amarela deixou comerciantes paulistas apreensivos, sobretudo com a proximidade com o Natal.
A regressão de fase foi anunciada um dia após a eleição do segundo turno da capital paulista, vencida por Bruno Covas (PSDB) –o prefeito reeleito apoiado pelo governador do estado, João Doria (PSDB).
Com a fase amarela, a ocupação dos estabelecimentos fica limitada a 40%; o funcionamento volta a ser de dez horas por dia, com limite de horário até as 22h; e eventos com público em pé ficam proibidos. A medida começa a valer nesta quarta-feira (2).
"Estamos sendo penalizados por quem não fez o dever de casa. Vemos com muitas tristeza estarmos sendo colocados no mesmo balaio de setores que não se prepararam como nós", diz Glauco Humai, presidente da Abrasce (Associação Brasileira de Shopping Centers).
Segundo ele, o problema são os eventos clandestinos e festas, que estão fora do radar do governo. "A gente lamenta a decisão porque fizemos muito esforço para se adequar às novas regras, contratamos pessoas, investimos em tecnologia e higiene", afirma Humai.
Fábio Pina, assessor econômico da FecomercioSP (Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo), tem opinião parecida.
"O varejo se portou de forma exemplar na pandemia. Não é o foco do atual problema. Sabemos que o problema são os focos clandestinos, que não seguem nada que está previsto em lei e não pagam imposto. Nós estamos pagando o preço pela clandestinidade e informalidade", diz Pina.
O assessor econômico diz que ainda não é possível mensurar o prejuízo dos lojistas com a redução em dezembro. Segundo ele, as vendas do varejo no mês são 30% maiores que a média, devido às festas de fim de ano.
"Só o setor de vestuário vende 100% a mais. Se eu perder dezembro, não sei como vai ser", diz.
Para ele, a redução de horas também pode contribuir para uma maior aglomeração, principalmente neste período.
"Todas as lojas estão medindo temperatura, usando álcool em gel. Desde agosto estamos trabalhando no modelo de 12 horas por dia e não foi isso que aumentou os casos."
O estado registrou, na última semana, um aumento de 12% no número de óbitos e 7% na taxa de internações. Já o número de casos teve redução de 14%, segundo Jean Gorinchteyn, secretário da Saúde do Estado de São Paulo. A taxa de ocupação de leitos de UTI em São Paulo é de 52,2%. Na Grande SP essa taxa sobe para 59,1%.
A nova classificação terá validade até 4 de janeiro de 2021, mas pode ser alterada se for notada alteração nos indicadores, que passarão a ser reavaliados a cada sete dias.
Cinemas e teatros não terão alteração no funcionamento pelas regras do governo do estado. A Prefeitura de São Paulo, no entanto, suspendeu as atividades na cidade quando a fase amarela foi anunciada da última vez. A possibilidade dessa medida voltar preocupa o setor.
"A ida de pessoas ao cinema está muito baixa e isso está acontecendo pelo fato dos cinemas terem ficado fechado mais tempo do que outras atividade. Se tivermos que fechar de novo, isso vai causar ainda mais medo", diz André Sturm, proprietário do cine Petra Belas Artes.
O setor ficou sete meses fechado e reabriu as portas no dia 9 de outubro.
Sturm afirma que os cinemas estão abertos em vários lugares do mundo e que em países como Espanha, França e Itália, as salas reabriram antes das academias. "São Paulo é a única cidade do mundo em que os cinemas foram a última atividade comercial a abrir."
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