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quarta-feira, 25 de novembro de 2020

Polícia prende fiscal do Carrefour por participação no assassinato de Beto Freitas

Esta é a terceira prisão do caso. Os dois seguranças terceirizados do Carrefour, da empresa Grupo Vector, foram presos em flagrante após a morte.


© Reprodução

PORTO ALEGRE, RS (FOLHAPRESS) - A Polícia Civil prendeu mais uma pessoa ligada à morte de Beto Freitas,40, espancado até a morte no Carrefour, em Porto Alegre. A prisão preventiva da fiscal Adriana Alves Dutra ocorreu na tarde desta terça-feira (24). É ela quem aparece na filmagem vestindo uma blusa branca ao lado dos agressores.


"Foi verificada a participação decisiva dela porque depois se verificou que ela tinha posição de comando. A lei contempla como coautora a pessoa que tem poder de evitar e não o fez", disse a delegada Vanessa Pitrez, do Departamento de Homicídios.


Adriana se apresentou à Polícia. Segundo Pitrez, ela pode ser presa porque é eleitora de um município onde não haverá eleição no próximo domingo.


Esta é a terceira prisão do caso. Os dois seguranças terceirizados do Carrefour, da empresa Grupo Vector, foram presos em flagrante após a morte. A Justiça converteu a prisão de ambos em prisão preventiva.


Os dois investigados, que vem sendo identificados como seguranças, cumpriam a função de fiscais no supermercado.


"Ela tinha o poder de fazer cessar as agressões por ser superior imediata dos seguranças", disse Bertoldo.


Ela é investigada por homicídio doloso triplamente qualificado. Inicialmente, Adriana não foi localizada em sua residência. Ela foi informada por telefone, por meio de sua defesa, do mandado de prisão expedido e se apresentou à polícia.

Adriana prestou depoimento e relatou episódios anteriores de conflito com Beto Freitas no Carrefour. A polícia investiga se de fato há incidentes anteriores.


Os policiais também apuram se a funcionária mentiu no depoimento dado no mesmo dia da morte de Beto Freitas. O depoimento foi tomado como parte do auto de prisão em flagrante dos seguranças.


Ela disse que um cliente tentou apaziguar a agressão. O suposto cliente, porém, era o funcionário temporário Giovane Gaspar da Silva, policial temporário que estava em seu primeiro dia de "bico" no mercado.


A fiscal pode responder, entre outros crimes, por falso testemunho, se ficar comprovado ao final do inquérito que ela mentiu.


A delegada Roberta Bertoldo disse que investiga a possibilidade de falso testemunho, além de omissão de socorro e racismo.

Adriana Alves Dutra disse também que Beto teria empurrado uma cliente dentro da loja, o que não ficou comprovado até o momento com as imagens das câmeras internas do mercado.


Em novo depoimento, na tarde em que se entregou à polícia, Adriana disse que falou que o funcionário era cliente do local pois havia retornado há pouco de férias e não sabia que ele trabalhava no supermercado.


Um motoboy que filmou as agressões disse que a fiscal do Carrefour feriu a própria mão, afirmando que Beto havia cortado seu dedo. "Ela pegou a unha dela e começou a forçar no dedo. Não tinha machucado, eu olhei bem. Me chamou atenção ela tentar machucar a própria mão", disse.


A reportagem obteve depoimento de outra funcionária que também apresenta indícios de contradições. No depoimento, a mulher afirma que Beto a teria "encarado". Depois, que ele a teria intimidado com "olhar agressivo" e, por fim, que teria dito algo que ela não entendeu porque ele usava máscara no momento.


A funcionária disse que, então, se afastou e ele teria feito um sinal que ela não soube interpretar. Em imagens obtidas pela reportagem, ele parece estar sinalizando com o polegar para baixo.


Perguntada pela polícia se o gesto foi ofensivo, ela disse que não. Entretanto, quando questionada sobre por que Beto foi acompanhado pelos seguranças até a saída, diz supor que foi porque ele a teria importunado.


Os seguranças optaram por não dar depoimento à polícia após serem presos em flagrante, recorrendo ao direito constitucional de permanecerem em silêncio. A Justiça decretou a prisão preventiva de ambos.


A morte de Beto Freitas já tem sido considerada mais violenta que a de George Floyd, nos Estados Unidos. Beto Freitas foi velado e sepultado no último sábado (21) no cemitério São João, em Porto Alegre, sob pedidos de justiça e fim do racismo.

VIA...NOTÍCIAS AO MINUTO 

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