Para o Sindicerv, o problema é reflexo do impacto no fornecimento de insumos agravado pela pandemia.
© Reuters / Eric Gaillard |
BRASÍLIA, SP (FOLHAPRESS) - A cervejaria Heineken tem tido dificuldade para abastecer o mercado com cervejas em garrafas de vidro em algumas regiões do país.
A empresa afirma que a questão é pontual e causada pela falta de insumos como vidro e alumínio, problema já sentido por outras cadeias industriais, e que, segundo a companhia, tem afetado toda a indústria de bebidas no Brasil.
Ainda segundo a cervejaria, todo e qualquer impacto na cadeia "tem um impacto ainda maior na disponibilidade de Heineken".
O Sindicerv (sindicato nacional da indústria da cerveja) e a CervBrasil, associação do setor, também dizem que há falta pontual de garrafas.
Para o Sindicerv, o problema é reflexo do impacto no fornecimento de insumos agravado pela pandemia. A entidade diz que busca, junto aos fornecedores, "soluções para a normalização e menor impacto possível ao processo".
A indústria do vidro, por sua vez, diz que o problema decorre da mudança de hábitos de consumo do brasileiro na pandemia, que passou a consumir mais latas em casa durante o distanciamento social imposto pela crise do coronavírus, reduzindo a demanda por garrafas.
"As empresas diminuíram as compras [principalmente de abril a junho] e venderam tudo o que tinham de capacidade de venda. Agora, na volta, querem contratar o que elas estavam vendendo antes da pandemia. Não tem como suprir embalagem de vidro diferente para cada cliente", disse Lucien Belmonte, presidente da Abividro (Associação Brasileira das Indústrias de Vidro).
De acordo com Belmonte, a indústria de vidro nunca parou de fabricar, mesmo com a pandemia. "A fábrica produz 365 dias por ano, durante 18 anos. No pico da crise, chegamos a quebrar, literalmente, as garrafas de vidro porque não tínhamos para quem vender".
Segundo ele, a demanda pode se normalizar no fim do primeiro trimestre do ano que vem.
De acordo com Paulo Petroni, presidente do CervBrasil, as garrafas que estão sobrando nos estoques das fábricas são retornáveis. Isso condiz com a mudança de hábitos relatada por Belmonte, já que os grandes consumidores desse tipo de vasilhame são bares e restaurantes, que estão entre as categorias mais afetadas pelo distanciamento social imposto pela crise do coronavírus.
A falta de vidro no mercado não é um problema somente para cervejas. Segundo sondagem da CNI (Confederação Nacional da Indústria), em novembro, ainda por causa da pandemia, 75% das indústrias brasileiras enfrentaram dificuldades para conseguir insumos domésticos.
Ambev Já a Ambev, que fabrica 70% das próprias embalagens, afirmou não sofrer com o impacto de falta de garrafas de vidro. Por causa da pandemia, a empresa acelerou a aposta em fabricação de latas, cuja demanda cresceu.
Nesta sexta-feira (4), a empresa irá anunciar o investimento de R$ 255 milhões em sua cervejaria de Itapissuma, em Pernambuco. Além da ampliação da capacidade de produção de cervejas, a empresa terá uma nova linha de envase de latas para abastecer as regiões Norte e Nordeste.
A linha de lata terá capacidade de produzir 120 mil latas por hora.
Na segunda-feira (7), a empresa inaugura uma fábrica de latas com capacidade de produzir 1,5 bilhão de latas por ano em Sete Lagoas, Minas Gerais.
"Como as pessoas ficaram muito tempo sem poder sair de casa, migraram para o consumo de latas, vendidos principalmente em supermercados. O resultado foi uma corrida global por latas", afirmou a empresa.
A fábrica de latas de Sete Lagoas será, nesse primeiro momento, uma "chave para ajudar a atender o aumento da demanda da embalagem", diz a Ambev.
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