No total, as mortes por agentes do Estado caíram de 1.814 em 2019 para 1.239 em 2020, uma diminuição de 32%
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RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) - A pandemia fez despencar quase todos os registros de crimes no Rio de Janeiro em 2020. Os homicídios e latrocínios, particularmente, atingiram os menores índices do estado em 30 anos, e a curva de mortes por policiais que resistia a cair há seis anos finalmente se reverteu.
Apesar de a redução de vários crimes apresentar uma relação clara com os meses de maior isolamento social, a Polícia Militar fluminense divulgou uma nota comemorando os dados, divulgados na quinta (28) pelo Instituto de Segurança Pública (ISP), e afirmando que eles são resultado de um conjunto de estratégias.
O comunicado destaca como melhorias "o trabalho cada vez mais articulado dos órgãos de segurança" e a "ampliação permanente e contínua do policiamento preventivo e ostensivo exercido diariamente pelos policiais militares, planejado com base na análise da mancha criminal".
"A presença de nossa tropa em vias expressas, rodovias e corredores viários estruturais tem inibido a circulação de criminosos. Esse cerco permanente explica a redução dos roubos de rua, de veículos e de carga, proporcionando, consequentemente, uma redução expressiva dos crimes contra a vida", diz no texto o secretário de Polícia Militar, coronel Rogério Figueredo.
Certos crimes como homicídios e roubos já vinham de fato diminuindo nos últimos dois ou três anos no Rio de Janeiro, mas a queda mais expressiva em 2020 ocorreu visivelmente de março a meados de junho. Os números, de maneira geral, voltaram a subir no segundo semeste, à medida que as restrições foram sendo afrouxadas.
O próprio ISP, que é ligado ao governo estadual, cita ao analisar os dados um estudo que mostra uma forte correlação entre o período de isolamento e o total de roubos de rua (de pedestres, de celular e no transporte) e de veículos. A queda dos roubos de carga é a única que não pode ser explicada pelo isolamento.
"Pode-se entender, portanto, que a redução inicial dos crimes ocorreu em decorrência do início do isolamento social no mês de março de 2020, possivelmente por ter menos pessoas nas ruas, dificultando a oportunidade de ocorrer o crime, ou pela existência de possível subnotificação dos roubos ocorridos durante o período em questão", diz o relatório.
A nota da Polícia Militar também não cita a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que restringiu operações policiais em favelas a "casos excepcionais" a partir de junho do ano passado, enquanto durasse a pandemia, e que teve um impacto significativo nos dados, segundo pesquisadores da área.
A variação que chamou mais atenção logo após a limitação da Corte foi a das mortes por intervenção policial. O índice -que é o maior do Brasil- vinha subindo desde 2014, bateu seu recorde histórico em 2019 e não dava sinais de trégua nos primeiros cinco meses do ano, mesmo com o coronavírus.
Porém, a média desse período, de 149 mortes mensais ou cinco diárias, caiu repentinamente para 34 no mês seguinte à canetada do ministro Edson Fachin, que obrigou as polícias a mandarem uma justificativa ao Ministério Público ao fim de cada operação.
O número, no entanto, voltou a subir nos últimos meses do ano, o que fez Fachin pedir explicações em novembro ao governador em exercício Cláudio Castro (PSC) e à Promotoria sobre o cumprimento da decisão. Ele também requisitou informações sobre o estabelecimento de metas e políticas de redução da violência policial.
No total, as mortes por agentes do Estado caíram de 1.814 em 2019 para 1.239 em 2020, uma diminuição de 32%. Outras reduções que podem ter sido influenciadas pelas restrições foram as de apreensão de armas e drogas, uma vez que as operações em comunidades são o principal recurso das polícias fluminenses para a atividade.
O número de armas apreendidas despencou de 8.423 para 6.440 entre um ano e outro, atingindo o menor patamar da série histórica iniciada em 2003. O destaque vai para os fuzis, que caíram quase à metade: de 550 para 284. Já as apeensões de drogas passaram de mais de 23 mil para quase 21 mil.
O ISP e a Polícia Militar destacaram que o total de policiais militares e civis mortos em serviço ou de folga foi o menor registrado nos últimos 23 anos, mas o número absoluto é de apenas dois a menos do que no ano anterior. Foram 65 agentes vítimas no ano passado, contra 67 em 2019.
Quanto às mortes violentas em geral (homicídios dolosos, mortes por intervenção policial, latrocínio e lesão corporal seguida de morte), o levantamento reforça um perfil já consolidado das vítimas: ao menos um terço tem até 29 anos, nove em cada 10 são homens, e 7 em cada 10 são pretas ou pardas.
Quando considerados apenas os homicídios, eles seguiram a tendência de queda dos três anos anteriores e atingiram o menor patamar desde 1991: foram 3.536 mortos no ano passado, uma redução de 12% com relação a 2019. Os latrocínios seguiram o mesmo caminho, com 87 vítimas, uma queda de 26%.
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