A popularidade de "Cobra Kai" entre fãs brasileiros reacende o interesse do público pelo esporte .
© Divulgação/Netflix |
SÃO PAULO, SP (UOL-FOLHAPRESS) - A Netflix começa 2021 com uma grande novidade: será lançada nesta sexta-feira (1) a terceira temporada da série "Cobra Kai", que dá sequência ao universo da franquia de filmes "Karatê Kid" com alguns atores e personagens que são os mesmos de 30 anos atrás - em especial os históricos protagonistas (e adversários) Daniel San (Ralph Macchio) e Johnny Lawrence (William Zabka).
Depois de a primeira temporada retomar a nostalgia dos anos 80 e mostrar como está a vida dos rivais, além de estabelecer a volta do dojo Cobra Kai pelas mãos de Johnny em sua tentativa de redenção, a segunda parte da série marca o retorno do antiético sensei John Kreese (Martin Kove) e coloca o clima bélico em patamares elevados. Já na terceira o debate é sobre lidar com as consequências dos próprios erros, conexão com o passado e a busca pelo equilíbrio pronunciada pelo Sr. Miyagi (Pat Morita, morto em 2005).
Mas existe uma dimensão que vai além da expectativa dos fãs e curiosos sobre a sequência da história: a popularidade de "Cobra Kai" entre fãs brasileiros reacende o interesse do público pelo esporte, a ponto de um dos principais atletas do país na modalidade dizer que a série "ajudou bastante a recuperar o caratê no Brasil".
Ariel Longo, preparador físico da seleção brasileira de caratê, diz que a repercussão proporcionada pela série e pelo universo Karatê Kid desperta interesse em novos alunos e deve ser explorada pelas academias: "Tem um quadro no 'Esporte Espetacular' do DiegoSan, o repórter-carateca.
Quando começou já teve uma repercussão positiva. Mas aí quando você põe no ar um seriado que fala dos princípios do caratê e da arte marcial, tem um alcance maior, mexe com as crianças e com os adultos e aumenta a procura ao esporte, é positivo para a comunidade do caratê", diz o profissional. "Eu cresci em família de caratecas e acredito muito nesse esporte como doutrina de vida e ferramenta de transformação de pessoas."
CARATÊ BRASILEIRO
O momento é de retomada. Em dezembro, a seleção brasileira realizou dez dias de treinamentos com foco na Liga Mundial, que tem eventos a partir do mês que vem em Portugal, e principalmente no Pré-Olímpico de junho, que dará vaga na Olimpíada de Tóquio, prevista para julho de 2021. Haverá um novo período de atividades a partir do próximo 18.
"O ano de 2020 começou muito bem, estávamos com uma programação intensa e interessante, eu particularmente comecei com bons resultados e boas perspectivas para Pré-Olímpico e Jogos Olímpicos, mas tudo mudou da noite para o dia. Tentei aproveitar o tempo que foi perdido em competição e eventos para treinar, porque pouco se treinava e muito se competia. Penso que tive grandes ganhos físicos, a única coisa que falta é mostrar isso na competição e ver o resultado (risos)", diz Brose.
Apesar das dificuldades impostas pela pandemia, que atrasaram o calendário mundial e permitiram só dois encontros da seleção desde março, o preparador físico Ariel Longo acredita em bons resultados em 2021: "Hoje os atletas estão muito mais próximos de estarem aptos a uma competição internacional, de chegar em uma etapa da Liga Mundial e desempenhar como antes da pandemia. Esse período de 18 de janeiro a 12 de fevereiro será o gran finale, o polimento, para engajar para a competição e, se tudo correr bem, desfrutar de um calendário cheio."
3ª TEMPORADA
A segunda temporada de Cobra Kai termina com Miguel (Xolo Maridueña), aluno de Johnny Lawrence no dojo Cobra Kai, hospitalizado por causa de um golpe de Robby Keene (Tanner Buchanan), aprendiz de Daniel Larusso no dojo Miyagi-Do, após uma briga generalizada nos corredores da escola. Assim, a terceira temporada parte justamente da necessidade de os senseis corrigirem tudo o que fizeram de errado.
Se há uma frase que pode resumir os dez episódios a serem lançados amanhã na Netflix é essa: "Nossos erros não nos definem."
A sensação de que Jhonny e Daniel só poderão resolver juntos a encrenca criada por eles, ainda mais após a ascensão com força que dá antagonismo a John Kreese, está presente desde os primeiros minutos. Jhonny, o antigo vilão em busca de redenção, segue sua jornada para provar que melhorou. Já Daniel, o herói com a vida abalada pelas memórias, precisa reencontrar o seu equilíbrio e busca respostas no passado.
Esse processo interno (e também acontecimentos da série, claro) levam Daniel a Okinawa, no Japão, terra natal do Sr. Miyagi e local das ações do segundo filme da franquia, "Karatê Kid 2 - A Hora da Verdade Continua", de 1986. Daí há reencontros com personagens do passado que ajudam o protagonista a entender e mudar o presente. Nestas cenas no Japão estão alguns dos elementos mais nostálgicos da temporada e também as mensagens que a tornam a mais madura, forte e humanizada entre as três já lançadas.
A última cena da terceira temporada garante altas expectativas para a quarta parte, já confirmada pela Netflix, porque resume o que o atleta Douglas Brose chama de "filosofia do caratê".
"O que achei mais legal da série é que os caras considerados vilões não eram os vilões, eles eram frutos de um sensei que doutrinou para o caminho errado, e isso mostra como a orientação correta é importante e como escutar os dois lados é importante. Porque o caratê é uma arte marcial que tem uma filosofia disciplinadora e muito bacana, o que para os dias de hoje é importante. Essa transferência do tatame para a vida pessoal é o ponto chave. Não de socar alguém, mas de respeitar o outro."
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