Familiares das vítimas dizem acreditar que tio e sobrinho foram entregues pelos seguranças do supermercado a traficantes do bairro de Amaralina, que teriam matado Bruno e Ian
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SALVADOR, BA (FOLHAPRESS) - Um tio e um sobrinho que furtaram pacotes de carne em um supermercado no bairro de Amaralina, em Salvador, foram encontrados mortos com marcas de tiro e sinais de tortura nesta segunda-feira (27), horas depois do furto.
Bruno Barros da Silva, 29, e Ian Barros da Silva, 19, moravam no bairro de Fazenda Coutos e foram flagrados furtando pacotes de carne na tarde de segunda-feira (26) no supermercado Atakadão Atakarejo, em Amaralina.
No mesmo dia, ambos foram encontrados mortos no porta-malas de um carro com tiros e sinais de tortura, no bairro da Brotas.
Fotos de Bruno e Ian rendidos após o furto circularam em aplicativos de mensagens e redes sociais. A imagem mostra os dois sentados no chão de um pátio do supermercado ao lado de quatro pacotes de carne.
Familiares das vítimas dizem acreditar que tio e sobrinho foram entregues pelos seguranças do supermercado a traficantes do bairro de Amaralina, que teriam matado Bruno e Ian.
"Não estamos defendendo o erro deles, mas cobrando justiça. Na lei que conhecemos, quando uma pessoa faz algo errado, a polícia é chamada para cumprir o seu papel", afirma Elaine Costa, mãe da filha de Bruno.
O advogado Andrey Sudsilowsky, que acompanha o caso junto à família, informou que ainda não teve acesso ao inquérito policial, mas afirma que testemunhas apontam que Bruno e Ian foram entregues por seguranças do supermercado a traficantes.
A família de Bruno encaminhou à Folha uma mensagem de áudio que ele enviou a uma amiga após o furto, pedindo de dinheiro para pagar as carnes furtadas.
"Se ligue, rodei no nordeste [de Amaralina]. Aqui, vê se desenrola R$ 700 para pagar as carnes que peguei aqui", diz Bruno no áudio.
A Polícia Civil da Bahia informou em nota que a investigação do duplo homicídio está em andamento e a apuração está avançada, com indicativo de autoria. Também disse que ainda não pode divulgar detalhes sobre a suspeita para não atrapalhar as investigações.
Em nota, o supermercado Atakadão Atakarejo informou que "tratam-se de fatos que envolvem segurança pública e que certamente serão investigados e conduzidos pela autoridade pública competente".
"Por agir de acordo com a legislação vigente e atuar rigorosamente com as normas legais, o Atakadão Atakarejo está à disposição e colaborando com todas as informações necessárias para a investigação", informa a nota.
O caso está sendo acompanhado pela comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa da Bahia. Presidente da Comissão, o deputado estadual Jacó (PT) cobrou apuração das circunstâncias da morte de Bruno e Ian.
Familiares de Bruno e Ian farão uma manifestação nesta sexta-feira (30) em frente ao Ministério Público do Estado da Bahia.
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