Mofo em casa prejudica quem já tem problemas respiratórios
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Com a chegada do outono e de tempos mais frios, chega também o momento de tirar do armário casacos, agasalhos e cobertores. Nessa hora, é comum se assustar com a presença de mofo nos armários, móveis e nas próprias roupas. Além de um aspecto desagradável, o mofo traz riscos à saúde e deve ser combatido para evitar o agravamento de quadros respiratórios.
Bolor ou mofo é o nome comumente designado a um tipo de fungo que se prolifera em locais úmidos e com pouca ventilação. Ao ser inalada, essa forma de vida microscópica pode afetar as vias respiratórias, provocando inflamações e agravando doenças crônicas, como asma e bronquite.
Os fungos estão associados ao desencadeamento de processos alérgicos, principalmente em pessoas que já têm predisposições. Segundo o médico alergologista Marcello Bossois, muitas vezes as doenças começam com uma rinite isolada que pode evoluir para outras complicações, como rinossinusites, rinoconjuntivites e rinofaringites.
"O nariz é a parte mais externa que temos do pulmão, ou seja, para evitar um problema pulmonar, é preciso tratar desde o nariz", explica Bossois, que é coordenador do projeto Brasil Sem Alergia.
Por isso, é interessante estar atento ao aparecimento de coceiras, espirros e coriza, sinais que são desencadeados logo que o fungo entra em contato com o nariz e podem ser um alerta para a presença de mofo.
Além das alergias, o mofo pode agravar quadros de doenças crônicas como asma e bronquite. Nessas situações, as crises respiratórias são intensificadas e sintomas como falta de ar, tosse e chiado no peito se fazem presentes.
"Vale o alerta para a pneumonite de hipersensibilidade, que é a exposição crônica ao mofo. Uma doença que é pouco falada, não tão frequente quanto a rinite alérgia e a asma, mas que é uma doença grave", relata Oliver Augusto Nascimento, pneumologista do Hospital Santa Catarina.
O médico explica que a doença é uma inflamação dos bronquíolos e dos pulmões causada pela exposição prolongada ao fungo. A pneumonite de hipersensibilidade gera tosse e uma falta de ar que tende a piorar sem o tratamento adequado.
Especialistas reforçam a importância de não só tratar o quadro respiratório trazido pelo mofo, mas combater a causa da proliferação do fungo. Encanamentos estourados, telhados, armários e móveis com umidade devem ser rapidamente consertados, substituídos ou ventilados para evitar maiores complicações de saúde.
Umidade é inimiga no combate ao mofo O mofo é constituído de pequenas estruturas chamadas esporos, responsáveis pela reprodução dos fungos. "São como sementinhas do bolor e, por isso, se você somente passar um pano, você vai estar jogando no ar todas essas sementinhas, que podem se espalhar em outros objetos", explica o biomédico Roberto Martins Figueiredo, também conhecido como Dr. Bactéria.
Por isso, para combater, é necessário eliminar o mofo. O biomédico recomenda borrifar água sanitária para matar o fungo e, logo após, passar um pano ou lixar a superfície do móvel ou parede. No caso de roupas, deixar de molho com água sanitária também pode ajudar a remover o mofo.
No dia a dia, é imprescindível aumentar a circulação de ar nos cômodos e armários, deixando as portas abertas. Figueiredo recomenda o uso de antimofos dentro dos armários, que podem ser aparelhos eletrônicos ou caixinhas vendidas em supermercados que contêm sílica gel.
A umidade deve ser sempre evitada. Aparelhos umidificadores de ambiente não são indicados neste caso e roupas, sapatos e cobertores devem ser armazenados sempre completamente secos. "Tudo que você fizer pra evitar a umidade, você estará atuando contra o mofo e o bolor", reforça o biomédico.
SAIBA MAIS
Mofo e a saúde humana
O que é?
Matéria orgânica formada por fungos. Essa forma de vida microscópica se prolifera em ambientes com umidade e falta de ventilação.Quadros respiratórios desencadeados pelo mofo:Rinite: inflamação das mucosas do nariz, que pode ser alérgica ou não. Costuma apresentar coriza, coceira no nariz e espirros.
Sinusite: inflamação da mucosa dos seios da face. Costuma apresentar dor na face e/ou na cabeça, congestão nasal e coriza.
Asma: doença crônica causada por inflamação das vias aéreas. O quadro pode ser agravado pelo mofo e desencadear crises asmáticas, cujos sintomas incluem falta de ar, tosse e chiado no peito.
Pneumonite por hipersensibilidade: inflamação nos bronquíolos dos pulmões causada pela inalação crônica dos fungos. Costuma apresentar quadros de tosse e falta de ar.Como combater o mofo:Nas paredes ou móveis: utilize um borrifador para aplicar uma solução de água e água sanitária diretamente no mofo. Em segundos, a coloração do bolor vai se modificar e você pode passar um pano ou lixar a superfície para eliminar completamente o resíduo.
Nas roupas ou roupas de cama: deixe-as de molho em uma mistura de água sanitária e açúcar. No caso de roupas brancas, troque o açúcar por sal. Lembre-se de sempre fazer um teste antes, aplicando a solução em uma pequena parte da roupa para garantir que o tecido não irá desbotar.
Nunca use panos para "limpar" o mofo, pois você estará espalhando os esporos do fungo.
É importante não só combater o mofo, mas também eliminar as causas. Logo, esteja atento a: encanamentos estourados, telhas rachadas e armários ou ambientes pouco ventilados e muito úmidos.Dicas para prevenir o mofo:Aumentar a ventilação dos cômodos da casa
Deixar portas de armários abertas ou fazer janelas de abertura, principalmente em armários de roupas e roupas de cama
Colocar casacos e agasalhos em sacos do tipo TNT (evitar sacos plásticos)
Usar antimofo dentro dos armários (aparelhos eletrônicos antimofo ou aquelas caixinhas vendidas em supermercados que contêm sílica gel)
Em locais excessivamente úmidos, usar um aparelho desumidificador de ar
Sempre deixar um espaço entre o armário e a parede
Evitar umidificadores de ambiente
Nunca guarde no armário roupas que não estiverem 100% secasFontes: Marcello Bossois, médico alergologista e coordenador do projeto Brasil Sem Alergia; Oliver Augusto Nascimento, pneumologista do Hospital Santa Catarina; Roberto Martins Figueiredo (Dr. Bactéria), biomédico.
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