A expectativa é aumentar o portfólio de produtos e serviços financeiros oferecidos na conta digital até o final do ano
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A falta de produtos e serviços mais focados no sistema financeiro tem aberto portas para que empresas não financeiras e novos participantes impulsionem sua atuação no setor.
O movimento, que tem se intensificado nos últimos meses, acontece por meio de parcerias ou mesmo com o aval do Banco Central -e é parte do que alguns executivos do mercado chamam de "fintechzação".
O conceito é caracterizado pela ampliação da oferta de produtos e serviços financeiros por parte de empresas de diferentes segmentos, que veem o setor como uma nova frente de faturamento.
Só neste mês, empresas dos segmentos de varejo, telecomunicações e fidelidade passaram a ter alguma novidade na oferta de produtos ou serviços financeiros.
Entre os casos mais recentes está a Oi, que em parceria com a fintech Conta Zap lançou uma conta digital que permite operações financeiras via WhatsApp. A ideia é que qualquer pessoa que tenha um telefone móvel possa acessar o serviço.
Segundo o diretor de marketing da companhia, Roberto Guenzburger, a estratégia por trás do lançamento é oferecer a conta para a população que ainda não tem acesso a diversos tipos de serviços bancários.
"Em um segundo momento, também existe potencial para atingir os mais jovens, já acostumados a fazer uma série de atividades pelo smartphone e pelo aplicativo de mensagens", afirmou.
A expectativa é aumentar o portfólio de produtos e serviços financeiros oferecidos na conta digital até o final do ano.
A Méliuz, voltada para o segmento de fidelidade, também foi uma das companhias que apostaram no setor financeiro.
A plataforma já havia lançado seu cartão de crédito em 2019 em parceria com o Banco Pan, com uma proposta sem anuidade e com até 1,8% de cashback nas compras. Neste mês, lançou sua plataforma de crédito, permitindo que usuários simulem e comparem empréstimos em diferentes instituições financeiras.
"Crescemos muito nos últimos anos e a expansão em serviços financeiros apareceu como uma forma de diversificar e ampliar a nossa atuação. Enxergamos muita oportunidade no setor", afirmou o diretor de relações com investidores da Méliuz, Luciano Valle.
A expansão na oferta de serviços e produtos financeiros tem acontecido, inclusive, entre os mais experientes.
Em abril, o Magalu lançou um cartão de crédito digital, também sem anuidade e com cashback. O lançamento foi por meio da Luizacred, joint venture da companhia com o Itaú Unibanco que existe há 20 anos.
O movimento, segundo o diretor executivo financeiro e de relações com investidores do Magazine Luiza, Roberto Bellissimo, faz parte da construção do superapp Magalu, pilar estratégico da companhia.
"Temos um potencial gigantesco no ecommerce, com mais de 30 milhões de usuários no aplicativo, e três milhões de contas ativas. Desenvolver mais produtos para esse público é uma super oportunidade", afirmou.
Para o diretor da ABFintechs (Associação Brasileira de Fintechs), Renan Schaefer, o movimento é natural no mercado.
"Existem muitas dores no mercado, que vêm da necessidade de serviços e produtos financeiros mais competitivos ou que atendam de maneira mais apropriada um nicho específico. É um setor ainda concentrado demais e que tem muita oportunidade para explorar. Quem trouxer algo mais eficiente e prático, nada de braçada", disse.
Apesar de o aumento da competitividade no sistema financeiro ser um dos quatro principais pilares da agenda BC#, do Banco Central, a discussão em torno de como a regulamentação tende a se moldar aos novos participantes ainda é motivo de debate.
Enquanto de um lado existem aqueles que defendem a redução da burocracia de maneira a permitir a inovação e a democratização no sistema financeiro, associações mais tradicionais pedem regras mais equilibradas entre os participantes.
Para o economista-chefe da Febraban (Federação Brasileira de Bancos), Rubens Sardenberg, há dois pontos principais na discussão acerca da regulamentação dessas novas iniciativas no país.
"O primeiro deles diz respeito à assimetria regulatória entre os participantes. Competição sempre foi algo importante e positivo, mas é preciso ter uma regulação que não prejudique quem está no mercado. É uma questão de paridade de armas", afirmou.
Segundo ele, há uma preocupação se os novos entrantes estão sendo submetidos às regras. "Principalmente entre os players que não são tão pequenos. Há essa preocupação com as bigtechs, por exemplo, que são grandes empresas com caixas enormes e que eventualmente fazem algum tipo de transação financeira."
O segundo ponto, diz, é em relação à segurança do sistema e os cuidado que os novos entrantes terão em relação a isso. "Precisa ser algo simétrico ao que as demais instituições financeiras oferecem porque se houver elos fracos nessa cadeia, pode gerar uma falha no sistema".
A chamada paridade de armas também é defendida pela Abecs (Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços).
"Acreditamos na competição. Mas para que o livre mercado aconteça é preciso que todas as regras sejam simétricas, para que nenhum segmento tenha vantagem sobre o outro", afirmou Ricardo Vieira, vice-presidente executivo da associação.
Segundo o executivo, ainda existem pontos envolvendo a inovação e a redução de custos a serem equilibrados na regulação.
"Redução de custos é música ao ouvido de todos os agentes do setor de pagamentos, e a regulação é algo vivo e dinâmico. Alguns pontos ainda precisam ser implementados, mas o regulador é sensível a todos os participantes e tem trazido regras importantes e proporcionais ao setor", disse.
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