Devido à dificuldade em obter tratamento, algumas pessoas procuraram comprar tanques de oxigênio para familiares que permanecem em casa, mas encontrá-los não tem sido tarefa fácil
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Um dos mais atingidos é a Indonésia, que enfrenta seu pior momento da pandemia. Nesta segunda-feira (28), o país registrou uma média móvel de 18,8 mil casos, mais do que o pico anterior, de 12,8 mil casos em 1º de fevereiro. O número de mortes acompanha o crescimento, com média móvel de 372 óbitos nesta segunda, a maior já registrada desde o início da pandemia, segundo dados do Our World in Data.
Em contrapartida, até esta segunda, 10% dos 270 milhões de habitantes do país haviam recebido ao menos a primeira dose da vacina, e apenas 4,8% receberam as duas.
O surto levou a Cruz Vermelha a alertar para uma "catástrofe" do coronavírus no maior país do Sudeste Asiático. A nova onda encheu hospitais na capital Jacarta, que enfrentam escassez de oxigênio, recusam pacientes e registraram uma ocupação de 93% dos leitos de isolamento no domingo (27).
"Os hospitais estão cheios devido à alta de casos causada por deslocamentos e diminuição da adesão aos protocolos de saúde, agravada também pela variante delta", afirmou Siti Nadia Tarmizi, alto funcionário do Ministério da Saúde indonésio.
Sulung Mulia Putra, autoridade da agência de saúde de Jacarta, disse que a escassez de oxigênio nos hospitais é temporária e se deve a problemas de distribuição que estão sendo resolvidos.
Devido à dificuldade em obter tratamento, algumas pessoas procuraram comprar tanques de oxigênio para familiares que permanecem em casa, mas encontrá-los não tem sido tarefa fácil. Taufik Hidayat, 51, disse à agência de notícias Reuters que aguardava para encher o tanque de oxigênio para sua mulher e filho, que testaram positivo para a Covid.
"Eu procurei, e estava tudo esgotado." A demanda fez ainda com que o preço saltasse de US$ 50 para US$ 140, de acordo com fornecedores.
Também na Ásia, Bangladesh é outro país que caminha para um novo pico, pouco tempo após o anterior, registrado em abril deste ano. Em rápido crescimento, a média móvel de casos registrada nesta segunda foi de 5.781, perto dos 7.000 de 9 de abril. O número de mortes também está próximo daquele visto no surto anterior, com média móvel de 93 óbitos nesta segunda, perto dos 100 de 22 de abril.
"A variante delta está dominando", disse Robed Amin, porta-voz no Ministério da Saúde, segundo o jornal The New York Times. Ele acrescentou que os testes apontam que a cepa indiana é responsável por 60% dos novos casos.
O percentual de vacinados é baixíssimo e não se vê avanços desde 19 de maio. Apenas 3,54% dos 163 milhões de habitantes de Bangladesh tomaram a primeira dose, enquanto 2,6% tomaram as duas. Diante da situação, os soldados do país se preparam para patrulhar as ruas e fazer cumprir as ordens para ficar em casa.
As medidas restritivas voltaram também à Austrália, que apresentou um pequeno aumento nas infecções, mas o temor da variante delta levou à imposição de lockdown em três grandes cidades e de diferentes medidas em várias outras, afetando cerca de 80% dos 25 milhões de habitantes do país.
O país tem uma média móvel de casos baixa, com 1 infecção registrada nesta segunda e nenhuma morte. Ainda assim, os estados entraram em alerta. No norte, Queensland determinou um lockdown de três dias na capital, Brisbane, e regiões próximas, enquanto Perth (Austrália Ocidental) terá um lockdown de quatro dias. Ambos começaram nesta terça (29).
"O risco é real e precisamos agir rapidamente, ser duros e rápidos", disse a primeira-ministra de Queensland, Annastacia Palaszczuk. O estado registrou dois novos casos locais
Já Sydney, onde mora um quinto dos australianos, ficará em lockdown até 9 de julho. A principal cidade da Austrália registra um surto com 150 novos casos, duas semanas após a infecção de um motorista de limusine de uma tripulação de companhia aérea estrangeira.
Também preocupa na Austrália o baixo índice de vacinação. "Se conseguirmos uma taxa de vacinação muito alta, isso muda o jogo completamente", disse Hassan Vally, professor associado de epidemiologia na Universidade La Trobe, em Melbourne, ao jornal The New York Times.
Com 24,1% da população tendo recebido ao menos uma dose e 4,8% as duas, ele afirmou que, de certa forma, o cenário atual não é uma surpresa.
A preocupação vem ainda após meses de o país ter praticamente erradicado o vírus, o que levou a um corredor de viagens com a vizinha Nova Zelândia, suspenso devido aos novos surtos.
Restrições de viagens também foram impostas em Hong Kong, que baniu novamente os voos do Reino Unido devido ao impacto da variante delta no país europeu. Lá, a média móvel de casos quase sextuplicou no último mês, passando de 2.829 infecções em 28 de maio para 16.404 nesta segunda.
As autoridades honconguesas disseram que vários casos das variantes importados do Reino Unido têm sido descobertos nos últimos dias. Apesar de uma média móvel de casos ainda baixa, de 4 infecções registradas nesta segunda, esse número vem crescendo nos últimos dez dias. O território semi-autônomo avança também na vacinação, e 29% da população recebeu ao menos uma dose e 19,1% as duas.
A variante também gera forte preocupação na Rússia, que viu sua maior média móvel de mortes nesta segunda, com 575 óbitos registrados –a maior cifra anterior, de 554 mortos, foi no dia 30 de dezembro. O número de casos também vem em alta, e a média móvel de infecções nesta segunda foi de 19,4 mil, abaixo ainda do pico anterior, de 28,5 mil em 26 de dezembro.
Além da variante delta, autoridades atribuem o crescimento à vacinação lenta. Apesar de ter largado na frente com o polêmico desenvolvimento da Sputnik V, a Rússia aplicou a primeira dose em 14,9% dos seus 144 milhões de habitantes e as duas em 11,6%.
O prefeito de Moscou, Serguei Sobianin, disse à agência russa de notícias Tass que a situação da pandemia na capital russa continua extremamente difícil. "Na última semana, quebramos novos recordes no número de hospitalizações, pessoas [internadas] em UTI e mortes pelo coronavírus."
Nesta segunda, entrou em vigor na cidade a medida que permite que apenas vacinados ou aqueles com teste negativo de Covid frequentem cafés e restaurantes. Já os demais poderão ser servidos nos terraços e varandas.
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