A deputada diz não saber exatamente como ocorreram os ferimentos e não descarta ter sido vítima de um atentado
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BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - Oito dias após o incidente que a deixou com cinco fraturas no rosto e uma na coluna, a deputada federal Joice Hasselmann (PSL-SP) disse à Polícia Civil do Distrito Federal ter encontrado objeto que pode ter relação com o episódio e levantou suspeitas sobre a interferência do governo na Polícia Federal.
Joice falou a jornalistas após depoimento que durou cerca de três horas na Polícia Civil, nesta segunda-feira (26), e antes de seguir para o IML (Instituto Médico-Legal), onde faria novos exames. Na entrevista, ela disse ter dado novos detalhes sobre o incidente, incluindo o objeto encontrado dentro de seu apartamento funcional.
"É um objeto que não pertence a ninguém, a nenhum dos meus funcionários, nem a mim nem a meu marido", afirmou a deputada, que não quis informar qual era o objeto, apenas que não era cortante e que tinha rolado para debaixo de um sofá retrátil na sala. "Não é um objeto que estava sujo de sangue nem marcas de sangue nem nada disso. É simplesmente um objeto que não pertence a ninguém da minha casa."
Segundo a parlamentar, havia cerca de cinco testemunhas quando ela encontrou o objeto, pouco antes da coletiva de imprensa que realizou neste domingo (25) ao lado do marido.
Na ocasião, ela rebateu insinuações de redes sociais de que os hematomas que apresenta no corpo eram resultado de um episódio de violência doméstica.
Na entrevista desta segunda, Joice disse ter registrado um boletim de ocorrência contra o senador Styvenson (Podemos-RN) por injúria, calúnia e difamação e afirmou que também levará o caso ao Conselho de Ética do Senado.
"O senador Styvenson fez uma live em que me acusou de ter usado drogas. Eu jamais fumei um cigarro na vida", disse.
"Então ele vai ter que provar, e ele vai obviamente ser levado não só ao Conselho de Ética, quanto à Justiça e haverá um pedido de indenização. Eu não vou aceitar canalhas como ele ou qualquer outro fazendo qualquer tipo de ilação."
A deputada afirmou ter solicitado a realização de uma perícia em seu carro para verificar se há qualquer tipo de aparelho de rastreamento.
"Eu disse a vocês logo depois no meu depoimento na Depol [Polícia Legislativa] de que eu recebi informação, isso está escrito no meu telefone, eu mostrei à polícia, de que vazaria uma informação do GSI [Gabinete de Segurança Institucional] de que eu teria batido o meu carro e teria me machucado. Os médicos já descartaram que os ferimentos que eu tenho são compatíveis com uma eventual batida", afirmou.
Ela disse ter pedido à polícia também que colete todas as imagens de segurança do final de semana de 17 e 18 de julho para verificar o estado de seu carro. "Toda essa narrativa está circulando nos grupos governistas", disse. A parlamentar acusou Styvenson de seguir a narrativa do GSI. "Ele está fazendo o serviço provavelmente que o Planalto mandou fazer, assim como outros estão na mesma situação", disse.
Joice disse ainda que fará novos boletins de ocorrência contra outras pessoas, as quais não quis citar, assim como também não quis divulgar os nomes das duas pessoas que considera suspeitas –uma delas, parlamentar.
"São suspeitas minhas, por conta de questões políticas. Eu não posso ser leviana, porque pode ser que seja outra pessoa. Pode ser que não seja nenhuma dessas duas pessoas que eu estou suspeitando."
Joice disse acreditar que o responsável é alguém que a "odeia muito" e que quis dar um susto nela. "Eu já sofri muitas ameaças para parar, ameaças verbais, de estupro. Talvez tenha sido um recado mais duro, tipo 'somos capazes de ir além'", afirmou.
"O recado foi entendido, mas eu não vou fazer o que eles querem. Eu não vou me acovardar", prosseguiu. "A única coisa que eu descarto é uma tentativa de assalto, porque eu tinha um computador que vale quase 30 mil reais, eu estava com os brincos, anéis e bolsa com cartão de crédito e dinheiro."
A competência da investigação é da Polícia Legislativa, pois o incidente ocorreu dentro de um apartamento funcional, explicou Joice, mas acrescentou que cabe ao Ministério Público Federal decidir se a competência é da Depol, da Polícia Civil ou de ambas.
Joice afirmou não ter procurado a Polícia Federal por não confiar na instituição. "Eu não confio no governo e na interferência que ele é capaz de fazer, como já fez, na Polícia Federal. Todo mundo sabe que eu sou desafeto do Palácio do Planalto. Há uma história muito cabulosa que vazou do GSI. Então para esse governo fazer qualquer tipo de manipulação, isso pode ser feito num estalar de dedos", afirmou.
"Então eu confio na Polícia Civil. Polícia Civil do DF, Polícia Civil de São Paulo, Depol e Ministério Público Federal...já é muita gente investigando."
A parlamentar disse que fará uma notícia-crime junto ao Ministério Público Federal para que o general Augusto Heleno, ministro-chefe do GSI, seja ouvido. "O general Heleno foi ao Twitter inclusive debochar da situação. Então deixe que ele se explique. Vou chamar a pessoa que passou essa informação de que o GSI estaria montando essa farsa, ela vai ser ouvida, sob sigilo. E vamos chamar o general Heleno para que ele possa se explicar."
Na quinta-feira (22), Joice relatou ter despertado na manhã do dia 18 no chão do corredor entre o quarto e o banheiro do seu apartamento, com ferimentos pelo corpo. De acordo com a parlamentar, a última coisa que ela se lembra antes disso era que estava assistindo a um seriado na TV, na companhia do marido, e que ele foi dormir antes dela.
"Nós tradicionalmente dormimos em quartos separados. Os quartos ficam um pouquinho longe um do outro, porque ele ronca, tadinho. Eu boto ele para fora", afirmou a deputada.
"Quando eu acordei, sei o horário porque foi a hora que liguei para ele, era 7h03 da manhã. Eu acordei e estava em uma poça de sangue. Me arrastei até meu telefone. Peguei o telefone e liguei para ele, para ele vir ao quarto para me socorrer. Ele veio correndo", disse.
Em nota, a assessoria de imprensa da deputada afirmou que exames constataram traumas no joelho, na costela, no ombro e na nuca, além de cinco fraturas no rosto e uma na coluna.
Na terça (20), Joice fez exames, segundo ele, e os resultados indicaram que poderia ter sido um atentado, e não uma queda ou acidente.
A deputada disse ter feito os exames no hospital Sírio-Libanês, em Brasília, que constataram as lesões. O Depol (Departamento de Polícia Legislativa) investiga o caso.
Segundo a assessoria de imprensa da Câmara, as investigações estão em andamento e têm caráter sigiloso.
Neste domingo, a parlamentar afirmou que vai processar todos que estão "fazendo ilações" contra seu marido.
Joice foi líder do governo no Congresso, rompeu com Bolsonaro e atualmente integra o grupo de desafetos do Palácio do Planalto. Ela inclusive defende o impeachment do presidente.
Joice já havia negado anteriormente que as fraturas no rosto e na coluna e os hematomas que apresenta no corpo tivessem sido resultado de violência doméstica e afirmou não ter o "menor perfil para mulher de malandro".
A deputada diz não saber exatamente como ocorreram os ferimentos e não descarta ter sido vítima de um atentado. Na sexta, Joice disse que os rumores sobre violência doméstica buscam "desviar o foco do problema principal, que é essa possibilidade de atentado".
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