A remuneração do ex-juiz no período de um ano totalizou R$ 3,65 milhões, incluindo um bônus
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O pré-candidato do Podemos à Presidência da República, Sérgio Moro, declarou nesta sexta, 28, que recebeu um salário mensal de US$ 45 mil (R$ 241 mil) da consultoria Alvarez & Marsal, nos Estados Unidos, entre novembro de 2020 e novembro do ano passado. A remuneração do ex-juiz no período de um ano totalizou R$ 3,65 milhões, incluindo um bônus.
"Espero que a gente esteja inaugurando uma nova era de transparência das pessoas públicas", afirmou Moro. O ex-juiz da Lava Jato também desafiou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) a revelar quanto ganhou em palestras e ironizou a compra de uma casa de alto padrão pelo senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) em Brasília, por R$ 6 milhões.
"Nos Estados Unidos, tive que alugar um lugar para morar. Não tenho essa possibilidade de comprar em dinheiro, em espécie, uma mansão no (Lago) Paranoá", afirmou o presidenciável.
As afirmações de Moro foram feitas durante transmissão ao vivo nas redes sociais, ao lado do deputado Kim Kataguiri (DEM-SP), que vai migrar para o Podemos e passou a auxiliar o ex-juiz na estratégia digital de sua pré-campanha. Moro e Kim anunciaram que abriram a campanha "Abre as contas, BolsoLula".
"Se exigiram de mim ser transparente, que o Lula e o Bolsonaro sejam transparentes também, em rachadinha, em gabinetes, em conta de sítio de Atibaia e as contas das palestras recebidas pelo Lula", disse o pré-candidato do Podemos ao Palácio do Planalto.
Valores
A cobrança para revelar o salário se intensificou nas últimas semanas e foi explorada por adversários eleitorais do ex-ministro da Justiça, como Ciro Gomes (PDT) e líderes do PT. O partido de Lula avaliou a possibilidade de recolher assinaturas para criar uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar o caso, mas a ideia foi descartada após a legenda consultar técnicos e concluir pela falta de aval jurídico para a iniciativa.
Provocado pelo procurador Lucas Furtado e por ordem do ministro Bruno Dantas, o Tribunal de Contas da União (TCU) abriu procedimento para apurar eventual conflito de interesses na atuação de Moro na consultoria. A Corte cobrou os termos do contrato e valores previstos no encerramento, incluindo o salário de Moro. Em resposta, a empresa forneceu os informes dos rendimentos, mas não divulgou o salário pago ao ex-juiz.
A relação de Moro com a consultoria é alvo de questionamentos desde quando o ex-juiz firmou o contrato, em novembro de 2020. A Alvarez & Marsal participa do processo de recuperação judicial da empreiteira Odebrecht (atual Novonor). A empresa foi alvo da Lava Jato, cujos processos foram julgados por Moro quando ele era juiz da 13.ª Vara da Justiça Federal em Curitiba.
'Irrelevante'
O Estadão conversou com o CEO da Alvarez & Marsal Brasil, Marcelo Gomes, e com o sócio-diretor da Alvarez & Marsal Administração Judicial, Eduardo Seixas, pouco antes da abertura dos dados. Após a transmissão ao vivo de Moro, a empresa vai enviar as informações compiladas ao TCU. De acordo com os executivos, a direção da companhia e o ex-juiz chegaram ao acordo de que a publicidade do salário era o melhor caminho. "Estamos fazendo isso porque o Moro nos autorizou a fazer", afirmou Seixas.
"Foi um consenso (nosso) de que não fazia sentido continuar com um bombardeio de uma informação que é irrelevante e que deveria ser passada", acrescentou Gomes. Durante a transmissão, Kim Kataguiri leu uma cláusula do contrato de Moro com a consultoria na qual o ex-juiz se comprometeu a não lidar com processos de alvos da Lava Jato.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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