Kiev decretou um estado de "mobilização geral", que coloca recrutas militares e reservistas a postos para defender o país
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SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, lamentou, em discurso televisionado na noite desta quinta-feira (24), o que chamou de abandono por parte de líderes ocidentais frente à invasão da Rússia, que já deixou 137 mortos nas primeiras 24 horas, segundo a contagem do governo em Kiev.
"Nos deixaram sozinhos para defender nosso Estado", afirmou. "Quem está disposto a lutar conosco? Não vejo ninguém. Quem está disposto a dar à Ucrânia uma garantia de adesão à Otan? Todos estão com medo", lamentou.
Além das 137 vítimas ucranianas, definidas pelo presidente como heróis, a ofensiva russa ainda deixou 316 feridos no primeiro dia de confrontos, diz o governo.
Kiev decretou um estado de "mobilização geral", que coloca recrutas militares e reservistas a postos para defender o país. O mandatário ucraniano pediu que os cidadão se unam às unidades de defesa territorial. "Aqueles que têm experiência em combates e são aptos para se unir à defesa da Ucrânia devem se apresentar nos centros de recrutamento do ministério do Interior", afirmou.
O país já estava em estado de emergência desde terça (23), que abre a possibilidade de o governo impor restrições de deslocamento, na distribuição de informações e no que é divulgado na mídia, além de introduzir conferência de documentos de cidadãos.
No pronunciamento desta quinta, Zelensky afirmou que ele e sua família não vão deixar a Ucrânia, ainda que, segundo ele, Moscou os tenha identificado como "alvo número um".
Estima-se que 100.000 pessoas tenham deixado o país quando explosões e tiros atingiram as principais cidades. "O inimigo me marcou como o alvo número um", afirmou o presidente. "Minha família é o alvo número dois. Eles querem destruir a Ucrânia politicamente destruindo o chefe de Estado."
O presidente ainda pediu que os cidadãos ucranianos permaneçam vigilantes e respeitem o toque de recolher imposto. "Recebemos informações de que grupos de sabotagem inimigos entraram em Kiev", disse.
Pela manhã, Zelensky havia reagido às acusações de que seu governo seria conivente com grupos neonazistas e devolveu a comparação à Rússia, acusando Moscou de agir como a Alemanha na Segunda Guerra. "A Rússia atacou a Ucrânia de uma forma covarde e suicida, como Alemanha nazista fez durante a Segunda Guerra Mundial", declarou o presidente ucraniano durante discurso transmitido no Facebook.
No discurso de Putin que foi tido como a declaração de guerra, em que anunciou uma ação militar nas províncias ucranianas pró-Rússia, o presidente russo afirmou que iria "desmilitarizar e desnazificar" a Ucrânia. A Rússia tem acusado Kiev de ligações com grupos neonazistas –há elementos das Forças Armadas, como o batalhão Batalhão de Azov, acusados de usar símbolos como a suástica e saudações nazistas. Os alemães lutaram contra os soviéticos pelo controle da Ucrânia na Segunda Guerra Mundial.
Zelensky, contudo, é judeu e costuma se lembrar disso ao comentar as acusações russas. O porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, afirmou que sugeriu a derrubada do governo para cumprir o objetivo de "desnazificar" o país. "Idealmente, você liberta a Ucrânia e se livra dos nazistas. O futuro pertence ao povo ucraniano", disse.
Nesta quinta, o presidente ucraniano também pediu aos cidadãos russos que saíssem às ruas para "protestar contra a guerra" –protestos em cidades russas foram reprimidos e centenas de pessoas foram presas.
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