É o que revela pesquisa do Datafolha feita nos dias 22 e 23 de março em 181 cidades.
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IGOR GIELOW (FOLHAPRESS) - Quase dois terços dos brasileiros temem sair às ruas de suas cidades à noite. São 37% aqueles que afirmam se sentir muito inseguros após escurecer em relação ao que percebiam há um ano, e 27% os que dizem ter um pouco de insegurança.
É o que revela pesquisa do Datafolha feita nos dias 22 e 23 de março em 181 cidades. Foram ouvidas 2.556 pessoas com mais 16 anos, e a margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou menos.
O instituto quis saber como anda a sensação de insegurança do brasileiro. Foram feitas duas questões acerca da percepção: o temor de frequentar ruas de sua cidade e de seu bairro, mais próximas das residências. O número dos que se sentem muito inseguros cai para 31% no segundo grupo.
Disseram se sentir um pouco inseguros em seus bairros 25%, equivalentes aos 27% que assim se sentem em relação à cidade toda. Já iguais 23% nos dois grupos se dizem "mais ou menos seguros", enquanto 14% se sentem muito seguros nas suas cidades -ante 22% daqueles que dizem o mesmo sobre seus bairros.
O corte regional só traz diferença quando é avaliada a região Sul do país. Ali, 28% se dizem muito seguros em seus bairros à noite. Nas outras regiões, o índice varia de 20% a 21%. Na amostra populacional do Datafolha, são sulistas 15% dos ouvidos.
Mulheres (53% da amostra) temem mais as ruas de suas cidades no período noturno: 45%, ante 27% dos homens. Apenas 9% das entrevistadas se dizem muito seguras. Fazendo eco aos números de violência segmentados por raça, 42% dos pretos se sentem muito inseguros, ante 34% dos que se declaram brancos e 36%, de pardos.
A sensação de segurança também é maior no interior do país. Entre moradores de regiões metropolitanas, 48% se dizem muito inseguros à noite em suas cidades, número que cai a 28% em municípios interioranos.
Em dezembro de 2019, o Datafolha havia feito uma questão sobre ter medo ou não de andar nas ruas à noite, que não pode ser comparada em termos evolutivos com os dados desta pesquisa. Naquela ocasião, 72% diziam temer sair após escurecer, 50% deles afirmando ter muito medo.
Armas
O instituto também quis saber agora, assim como fez em julho de 2005 e, já sob o governo de Jair Bolsonaro, em abril de 2019, o interesse do brasileiro sobre armas como forma de defesa pessoal.
O presidente é um cultor do armamentismo e faz disso uma de suas bandeiras, tendo flexibilizado diversas regras para facilitar o acesso do brasileiro a armas de fogo e munição.
Como resultado, viu crescer o registro de portes e de armas, especialmente nas franjas com fiscalização mais opaca, como a dos chamados CACs (caçadores, atiradores e colecionadores).
Na infame reunião ministerial de abril de 2020, cuja divulgação do vídeo gerou intensa crise, Bolsonaro ficou famoso por dizer entre quatro paredes que considerava armar a população algo necessário para evitar tentações autoritárias. Ele repetiu o enunciado diversas vezes em público depois, levando à crítica de adversários de que buscava sim formar milícias em seu apoio.
Nada disso se reverteu em um maior interesse da população pelo tema em seu governo. Questionados se já pensaram em comprar uma arma para se defender da violência, 72% dizem que não, o mesmo índice de três anos (73%) atrás e oito pontos percentuais a menos do que no distante 2005.
Entre aqueles que aprovam o governo Bolsonaro (25% do total da pesquisa), o índice de quem já pensou em adquirir uma arma salta de 28% no geral para 40%. Apenas 4% dos entrevistados dizem possuir armamento em casa, o mesmo patamar de 2019 (5%), e 2% desses dizem que não são os donos da arma.
Informados pelo Datafolha de que há flexibilizações de regras em discussão, 80% seguem dizendo que não têm interesse em comprar armas e 19%, têm, como em 2019 (20%). Entre aqueles que acham o governo ótimo ou bom, o número de interessados sobe a 32%.
Entre aqueles que têm armas em casa, homens (82%) são a maioria, com uma idade média de 47 anos. São moradores de regiões metropolitanas (56%), do Sudeste (52%), com renda acima de 5 salários mínimos (37%) e com nível superior (36%). Apoiadores do governo somam 9%.
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