A família não tinha notícias do paradeiro da artesã desde que o prédio em que ela vivia foi bombardeado, no último dia 2.
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(FOLHAPRESS) - A artesã paraibana Silvana Pilipenko, 54, que vivia em Mariupol, cidade sitiada no sul da Ucrânia, e estava desaparecida havia 27 dias, foi encontrada com vida, segundo a família da brasileira, que vive há 27 anos no país.
A família não tinha notícias do paradeiro da artesã desde que o prédio em que ela vivia foi bombardeado, no último dia 2.
Nesta semana, o filho da artesã, Gabriel Pilipenko, conseguiu contatá-la por telefone, diz a irmã, Rosimeri Vicente. "A internet está ainda muito ruim e ele conseguiu falar por poucos minutos", disse. Ela afirma que não tem informações sobre o estado de saúde de Silvana. "A única certeza é que ela estava viva, e a gente fica feliz com isso", disse.
De acordo com a família, a brasileira está indo para a Crimeia, península no sul do país, com o marido, o ucraniano Vasili Pilipenko, e a sogra, de 86 anos. Rosimeri diz que ainda não sabe se Silvana ficará na Crimeia, se seguirá para outras cidades ou até mesmo se voltará ao Brasil.
A Crimeia tem uma situação relativamente mais tranquila do que o restante da Ucrânia porque a península foi anexada pela Rússia em 2014. Mesmo sem reconhecimento internacional, é administrada pelos russos desde então e não foi afetada pela guerra atual.
Desde a invasão russa, em 24 de fevereiro, a artesã paraibana relatava o dia a dia do conflito aos familiares na Paraíba, por meio de gravações de vídeos e publicações em sua rede social.
Em um dos vídeos, Silvana citou as principais dificuldades enfrentadas pela população de Mariupol, como a falta de água e energia elétrica e a escassez de alimentos nas prateleiras dos supermercados. Diante disso, chegou a informar para a família que temia que nos dias seguintes não conseguisse manter o contato por falta de internet.
A cidade portuária onde ela vivia é atacada pelos russos desde o começo da guerra e tem uma das situações mais dramáticas da Ucrânia, com atentados a civis e falta de suprimentos básicos. A gravidade é tamanha que até o Comitê Internacional da Cruz Vermelha deixou a cidade, em 17 de março. Os relatos mais recentes apontam para covas coletivas para enterrar os mortos no conflito.
Do lado do Brasil, a família acompanhava a distância o que acontecia após perder o contato com a artesã que, antes do início da guerra, esteve no Brasil em janeiro e já estava com viagem marcada para retornar em 20 de março para um tratamento dentário.
O filho de Silvana, que é engenheiro naval, estava a trabalho em Taiwan, mas decidiu deixar a ilha asiática e ir à Europa em busca de informações da mãe. Ele foi para a Alemanha e tinha o objetivo de ir até Odessa, cidade da Ucrânia, mas não prosseguiu diante da série de bombardeios na região.
À reportagem, o secretário-executivo de Representação Institucional na Paraíba, Adauto Fernandes, informou que há dez dias vem dialogando com o filho de Silvana. "Semana passada, a gente participou de uma reunião com o diplomata André Mourão, que está na Ucrânia [...] E ontem a gente recebeu a notícia que o Itamaraty, por meio da ajuda do filho, conseguiu localizá-la", afirmou.
Fernandes disse ainda que a paraibana, seu marido e a sogra estão a caminho da fronteira da Ucrânia e que irá receber uma carta do Itamaraty para deixar o país junto com sua família.
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