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sexta-feira, 1 de abril de 2022

Seis governadores deixam cargos para disputar eleições de outubro

 

Dos seis, quatro governam estados do Nordeste e tentarão ser candidatos surfando na popularidade do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na região

© Abdias Pinheiro / Secom / TSE


RECIFE, PE (FOLHAPRESS) - Governadores de seis estados deixaram os cargos ao longo desta semana para disputar as eleições de 2022. O prazo limite para a desincompatibilização das funções por parte dos que ocupavam o Poder Executivo acaba neste sábado (2).

A seis meses das eleições, deixam os cargos os governadores Camilo Santana (PT), no Ceará; Eduardo Leite (PSDB), no Rio Grande do Sul; Flávio Dino (PSB), no Maranhão; João Doria (PSDB), em São Paulo; Renan Filho (MDB), em Alagoas; e Wellington Dias (PT), no Piauí.

Dos seis, quatro governam estados do Nordeste e tentarão ser candidatos surfando na popularidade do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na região. Os outros dois são do PSDB e desejam integrar a disputa presidencial.

Um dos primeiros a indicar que sairia da função, o governador do Piauí, Wellington Dias, passou o cargo para a vice, Regina Sousa, primeira mulher a comandar o Executivo no estado. Bem avaliado, Wellington disputará o Senado em outubro.

Com o favoritismo de Wellington para vencer, o senador Elmano Ferrer (PP-PI), aliado do ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, deverá disputar uma vaga na Câmara dos Deputados. A oposição busca definir um nome para encarar o petista no Piauí.

Nos últimos 20 anos, Wellington Dias foi governador do Piauí por quase 16. Quando não esteve no Executivo, entre 2011 e 2014, estava no Senado Federal, para onde já foi eleito em 2010, após deixar o segundo mandato de governador.

Dessa vez, quer repetir o feito após finalizar o quarto governo no estado piauiense.

No Ceará, Camilo Santana deixa o Palácio Abolição neste sábado (2) e transmite o cargo à vice-governadora Izolda Cela (PDT). O petista disputará o Senado na eleição de outubro, mas ainda não sabe quem será o seu colega de chapa.

A vaga para disputar o governo está reservada ao PDT, comandado pelo senador Cid Gomes (CE) e pelo ex-ministro Ciro Gomes, no estado que é reduto político de ambos.

A preferência de Camilo é que a nova governadora Izolda Cela seja candidata à reeleição, mas ele tem evitado intervir na questão para evitar racha na base aliada.

Apesar de ser do PT, Camilo Santana é aliado de primeira hora de Ciro e Cid Gomes. Mesmo com as fagulhas entre petistas e os irmãos Gomes, o agora ex-governador do Ceará manteve a boa relação com os seus padrinhos políticos.

Camilo foi lançado para o Governo do Ceará em 2014 na disputa pela sucessão de Cid Gomes e conquistou o primeiro mandato após uma dura disputa no segundo turno contra o então senador Eunício Oliveira (MDB), hoje seu aliado.

Em 2018, o petista saiu das urnas com a maior votação proporcional do país, reeleito com 79,96% dos votos válidos.

Agora, Camilo mira a cadeira do senador Tasso Jereissatti (PSDB), com quem tem boa relação. O tucano já anunciou publicamente que não disputará a reeleição, ampliando o favoritismo do petista no pleito pelo Senado.

No Maranhão, Flávio Dino (PSB) deixou o governo nesta sexta e passou o bastão para o seu mais novo colega de partido, o seu vice Carlos Brandão, que deixou o PSDB.

Mesmo sendo bem avaliado, Dino enfrentará uma divisão da base governista na sucessão no Maranhão, o que poderá trazer reflexos para a sua campanha ao Senado.

Com apoio de Dino, Brandão disputará a reeleição para o Palácio dos Leões. Além dele, o senador Weverton Rocha (PDT) se lançou para o governo. Os dois palanques flertam com o ex-presidente Lula, cuja imagem já é alvo de disputa entre ambos os lados.

Flávio Dino derrotou nas suas duas vitórias o grupo político dos Sarney, um dos mais influentes no Maranhão. Em 2022, ele espera conseguir uma vaga para o Senado.

O governador de Alagoas, Renan Filho (MDB), renuncia ao cargo neste sábado (2). Ele deverá disputar o Senado nas eleições de outubro com apoio de Lula.

Com a saída de Renan Filho da função, haverá uma eleição indireta na Assembleia Legislativa para a escolha do novo governador de Alagoas. Isso porque Luciano Barbosa (MDB), que foi eleito vice-governador em 2018, elegeu-se prefeito de Arapiraca, maior cidade do interior do estado, nas eleições municipais de 2020.

Com o presidente da Assembleia Legislativa, Marcelo Victor, será candidato à reeleição de deputado estadual, o cargo de governador passará para as mãos do presidente do Tribunal de Justiça de Alagoas, desembargador Klever Loureiro, até a eleição indireta ser realizada em um prazo de 30 dias.

Na Assembleia, a base do governo Renan Filho já está articulada para eleger o deputado estadual Paulo Dantas (MDB) para o governo tampão. O acordo também prevê que ele dispute a reeleição na eleição de outubro pelo voto popular.

Em 2022, na disputa pelo Senado, Renan Filho deverá ter como adversário nas urnas um ex-aliado, o senador Fernando Collor (Pros), apoiador de Bolsonaro e que quer a reeleição. Eles foram eleitos na mesma chapa em 2014, mas romperam ainda no primeiro mandato de Renan Filho.

Os tucanos Eduardo Leite e João Doria deixaram, respectivamente, os governos do Rio Grande do Sul e de São Paulo, e poderão travar uma batalha pela candidatura à Presidência pelo PSDB.

Doria deixou o Palácio dos Bandeirantes quatro meses após ser escolhido como pré-candidato do PSDB à Presidência da República após vencer as prévias internas da sigla. Nesta quinta, ensaiou um recuo e disse a aliados que poderia permanecer no governo paulista, mas desistiu de desistir após pressão de tucanos do entorno.

O tucano tenta uma ascensão meteórica na política.

Eleito prefeito da capital paulista em 2016 no primeiro turno, Doria deixou o Executivo municipal com apenas um ano e três meses de governo e se lançou para o Palácio dos Bandeirantes, vencendo o pleito em 2018 em um segundo turno acirrado contra Márcio França (PSB).

O seu partido, o PSDB, elege governadores em São Paulo desde 1994. A sigla, desde então, tem os gestores paulistas como potenciais candidatos ao Planalto.

No entanto, um obstáculo pode aparecer contra o paulista dentro do PSDB. Trata-se do governador gaúcho Eduardo Leite, que, ao deixar o Palácio Piratini, vira uma sombra no caminho de Doria rumo às eleições.

Leite não disse explicitamente que disputará um mandato presidencial, mas ele foi estimulado a seguir no partido após uma ala da legenda convencê-lo de que João Doria poderia abrir mão da candidatura mais à frente, o que abriria caminho para o gaúcho assumir a missão.

Um dos complicadores para Doria é a elevada rejeição nas pesquisas de intenção de voto. No entanto, o grupo do paulista justifica que ele venceu as prévias partidárias e teria legitimidade para seguir adiante na disputa nacional.

Um dos mais novos a assumir o comando do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, por sua vez, disse que começará a circular pelo país, estimulando jovens a entrarem na política e debatendo propostas e ideias. Ele rejeitou convite do PSD para ser candidato a presidente.

No seu lugar, assumiu, nesta quinta, o governo do Rio Grande do Sul o vice Ranolfo Vieira Júnior, agora governador. Ranolfo foi eleito em 2018 pelo PTB, mas deixou a sigla após críticas do ex-deputado Roberto Jefferson a Eduardo Leite.

De olho na eleição de 2022, Ranolfo se filiou ao PSDB, com aval de Eduardo Leite, e deseja tentar a reeleição. No entanto, outros partidos da base aliada de Eduardo Leite, como MDB e PSB, possuem pré-candidatos ao Piratini. O próprio PSDB, inclusive, não está fechado em torno de Ranolfo.

VIA...NOTÍCIAS AO MINUTO

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