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sexta-feira, 1 de abril de 2022

Ucrânia prevê mais ataques da Rússia no sul, enquanto Moscou fala em avanço de negociações

Nesta sexta, uma nova tentativa de estabelecer corredores humanitários deve ser conduzida pelo Comitê Internacional da Cruz Vermelha

© Getty

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O presidente da Ucrânia, Volodimir Zelenski, fez um novo alerta contra a movimentação de tropas da Rússia e o risco de novos e "poderosos ataques" no sul do país, incluindo a cidade sitiada de Mariupol, onde uma nova tentativa de retirada de civis está preparada para esta sexta-feira (1º).

Do lado russo, o chanceler Serguei Lavrov reforçou o que ele considera ser um avanço nas negociações com o país vizinho. Em entrevista coletiva na Índia, o diplomata afirmou que Moscou está preparando uma resposta às demandas apresentadas pelos negociadores ucranianos e disse que Kiev mostrou "muito mais compreensão" em relação a pontos críticos do conflito, como o status da Crimeia e do Donbass e sua possível neutralidade.

No campo diplomático, líderes da União Europeia e da China se reúnem nesta sexta para discutir os rumos da guerra na Ucrânia. Bruxelas tenta pressionar Pequim para obter garantias de que o regime de Xi Jinping não vai fornecer armas à Rússia –país com quem a China formalizou uma "amizade sem limites".

Embora Moscou tenha prometido nesta semana uma "redução drástica" em sua atividade militar nas regiões de Kiev e Tchernihiv, os relatos de ataques que se sucederam lançaram uma nova camada de ceticismo contra o discurso russo.

"Isso faz parte das táticas deles", disse Zelenski no seu discurso diário na noite de quinta-feira (31). "Sabemos que eles estão deixando áreas onde estamos vencendo para se concentrar em outras áreas que são muito importantes e onde pode ser difícil para nós".

Quando se refere às áreas onde os ucranianos estariam vencendo, o presidente fala das cidades ao redor da capital onde autoridades e líderes locais dizem ter retomado o controle e freado ou expulsado os russos. Já as áreas "difíceis" seriam as do sul do país, consideradas estratégicas para os interesses de Moscou.

"No Donbass e em Mariupol, na direção de Kharkiv, o Exército russo está elevando o potencial de ataques, ataques poderosos", disse Zelenski.

Para analistas, a tendência é de um conflito mais longo caso a Rússia se concentre no Donbass, uma vez que a Ucrânia tem forças e experiência de combate na região depois de oito anos lutando contra grupos separatistas.

Já Mariupol seria um ponto central para o objetivo russo de estabelecer seu controle sobre a faixa litorânea no sul, que vai da Crimeia, anexada pela Rússia em 2014, aos territórios de Donetsk e Lugansk, no Donbass -o presidente Vladimir Putin reconheceu ambos como repúblicas independentes três dias antes de dar início à guerra.

Mariupol foi reduzida a escombros. Segundo autoridades locais, ao menos 5.000 pessoas morreram durante as semanas de ataques russos, e as dezenas de milhares que ainda vivem na cidade sofrem com severa falta de comida, água, energia elétrica e medicamentos.

Houve tentativas de estabelecer corredores humanitários para a retirada de civis da cidade. Várias delas fracassaram, enquanto Rússia e Ucrânia trocavam acusações sobre a responsabilidade pelos insucessos.

Nesta sexta, uma nova tentativa deve ser conduzida pelo Comitê Internacional da Cruz Vermelha, com aval de Moscou e de Kiev. "Esperamos poder facilitar a passagem segura para os civis que desejam desesperadamente fugir de Mariupol", disse a porta-voz Lucile Marbeau, acrescentando que a entidade também vai tentar levar caminhões com ajuda humanitária aos que ainda seguirem na cidade.

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