Rodolfo Hernández (foto), que somou 28,15% –ou 5,9 milhões– dos votos, tem assistido à sua base crescer
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GUARULHOS, SP (FOLHAPRESS) - O esquerdista Gustavo Petro confirmou seu favoritismo nas urnas durante as eleições da Colômbia neste domingo (29), mas se vê desafiado pela necessidade de angariar mais votos até o segundo turno das eleições, daqui a três semanas. O populista Rodolfo Hernández, seu opositor, encontra-se em cenário mais favorável nesse quesito.
Petro, que foi guerrilheiro e ex-prefeito da capital Bogotá, obteve 40,32% –ou 8,5 milhões– dos votos válidos. Analistas locais questionam se esse não seria o teto de votos do candidato, ou seja, o máximo de apoio que ele consegue angariar nas eleições.
Já Hernández, que somou 28,15% –ou 5,9 milhões– dos votos, tem assistido à sua base crescer, com candidatos derrotados nas urnas manifestando apoio ao empresário em um país cuja política nacional é tradicionalmente marcada pela presença de políticos à direita.
O terceiro colocado no primeiro turno, Federico "Fico" Gutiérrez, por exemplo, já manifestou apoio a Hernández. Candidato da situação, ele obteve 23,91% dos votos, pouco mais de 5 milhões. "Não queremos perder o futuro da Colômbia, por isso votaremos por Rodolfo", disse Fico no discurso após reconhecer sua derrota.
E seguiu: "Gustavo Petro, por tudo que disse e que tem feito, seria um perigo para a democracia, para as liberdades, a economia e para nossas famílias, nossos filhos", seguiu o ex-prefeito de Medellín, que era apoiado pelo atual governo, de Iván Duque.
Já o quarto colocado, o centrista Sergio Fajardo, afirmou que ainda não tomou uma decisão, mas que conversou com Hernández após o resultado do pleito. "Do lado de Petro, nada", disse ele em uma rede social. "Mas temos que seguir com calma e sabedoria."
O senador John Milton Rodríguez, fortemente ligado à agenda religiosa, por sua vez, também disse que ainda não tomou a decisão de onde depositará seu apoio, mas afirmou a veículos locais que descarta por completo a possibilidade de apoiar Petro. Além de Hernández, ele, que somou 1,29%, ou 274 mil votos, cogita o voto em branco.
O advogado Enrique Gomez, sexto colocado no primeiro turno com 0,23% dos votos, já manifestou apoio ao populista. "Para frear a ditadura socialista, não vamos deixar que roubem a Colômbia", justificou no perfil oficial de uma rede social.
Com esse cenário, espera-se que Petro busque novos votos em meio à massa daqueles que se abstiveram no primeiro turno. Cerca de 45% dos cidadãos habilitados para votar não compareceram às urnas –algo em torno de 18 milhões de pessoas. Ainda que alta, a cifra configura o menor número de abstenção em duas décadas na Colômbia, levando em conta primeiro e segundo turnos das eleições presidenciais.
Boa parte da campanha de Petro foi construída em cima de alegações de que sua candidatura funcionava como um freio do tradicional uribismo –a corrente liderada pelo caudilho de direita Álvaro Uribe. Agora, porém, seu opositor é um outsider político, que protagoniza um forte discurso anticorrupção no país.
O sociólogo Alexander Gamba, professor da Faculdade de Sociologia da Universidade Santo Tomás, de Bogotá, disse à agência de notícias AFP que Petro terá de mudar o discurso. "Ele tem de parar de se afirmar como o candidato anti-elite e se mostrar como aquele que pode defender a democracia, porque muitas posições de Hernández são abertamente antidemocráticas", afirmou.
Rico empresário do setor da construção, Hernández foi prefeito de Bucaramanga e tem origem pobre. Ele já afirmou ser admirador do ditador nazista Adolf Hitler, para depois pedir desculpas e dizer que tinha se enganado e que, na verdade, queria dizer Albert Einstein.
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