A defesa nega que Cíntia Mariano Dias Cabral tenha cometido crimes e afirma que o caso está sendo "espetacularizado"
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A Justiça autorizou a quebra dos dados telefônicos e telemáticos do celular apreendido com Cíntia, presa sob suspeita de tentar matar com feijão envenenado por chumbinho o enteado Bruno Carvalho Cabral, de 16 anos, no último dia 15. Ela também é investigada pela morte da irmã de Bruno, Fernanda Carvalho Cabral, em 28 de março.
O juiz Alexandre Abrahão Dias Teixeira, do III Tribunal do Júri, acatou o pedido feito pelo delegado Flávio Rodrigues, da 33ª Delegacia de Polícia (Realengo), que investiga o caso, e autorizou ainda o manuseio de conteúdos armazenados na nuvem e acessados em aplicativos de mensagens e redes sociais em geral por Cíntia. O delegado busca provas dos crimes atribuídos à madrasta.
"Estamos agora aguardando os dados do telefone e os laudos toxicológicos da Fernanda e do Bruno para definir os próximos passos", afirmou o delegado Flávio Rodrigues.
Reportagem veiculada no Fantástico, da TV Globo, no domingo, revelou que em depoimento à polícia um filho biológico de Cíntia, cujo nome não foi divulgado, contou que a mãe já tinha tentado envenenar com querosene um irmão dele por parte de pai. Na época, o menino tinha seis anos de idade. Rodrigues confirmou a informação ao Estadão.
O filho de Cíntia já tinha contado à Polícia que a mãe lhe confessou ter dado chumbinho aos enteados. Fernanda Cabral, de 22 anos, morreu após 13 dias internada. Dois meses depois, Bruno Cabral, de 16 anos, foi internado com sintomas semelhantes, depois de almoçar na casa onde o pai dele vive com a enteada. Foi esse envenenamento que levantou suspeitas contra a madrasta. O corpo de Fernanda foi exumado na última quinta-feira.
"O declarante teve uma conversa com a mãe, onde a mesma confessou tudo que havia feito. Que Cíntia disse que colocou chumbinho no feijão do prato de Bruno e, por esse motivo, ele sentiu gosto ruim. Que o declarante perguntou se havia feito a mesma coisa com Fernanda, irmã de Bruno, e que Cintia disse que fez tudo isso por amor a Adeilson, pai dos jovens", assinala no depoimento à Polícia o filho biológico de Cíntia.
Cíntia também é suspeita da morte de um vizinho, o representante farmacêutico Francisco das Chagas Fontenele, em 2020, e de um ex-namorado, o dentista Pedro José Bello Gomes, em 2018.
"A prisão temporária de 30 dias foi por tentativa de homicídio (de Bruno)", explicou o delegado. "Com os novos resultados, novas acusações podem ser acrescentadas."
Defesa de Cíntia nega acusações
Os advogados Carlos Augusto Santos e Raphael Souza, responsáveis pela defesa de Cíntia, afirmaram por nota que as acusações são "totalmente infundadas" e que serviriam apenas a fazer uma "espetacularização" do caso. "O vizinho não morava com Cíntia e morreu de câncer", afirmou Santos. "Uma doença, que não existe nenhuma atribuição a envenenamento."
Ainda segundo Santos, o ex-marido de Cíntia teria morrido por causa de um acidente vascular cerebral (AVC) e tampouco teria apresentado indícios de envenenamento. Sobre o enteado, Santos afirmou desconhecer a história. "Com isso, estamos aguardando os laudos periciais para nos manifestarmos mais sobre o assunto", afirmou.
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