O presidente voltou a defender remédios que não têm eficácia contra a Covid, como a cloroquina e a ivermectina.
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Na conversa, ele também minimizou a existência de racismo no Brasil, o desmatamento na Amazônia e fez críticas à esquerda e ao ex-presidente Lula (PT).
"Se alguém já contraiu o vírus, a vacina realmente não ajuda. A vacina seria inócua. Foi o meu caso. É porque eu não tomei a vacina. Mas comprei vacinas para todos os brasileiros", disse o presidente, em conversa com o apresentador Tucker Carlson.
Especialistas, porém, recomendam que pessoas que tiveram Covid também se vacinem, pois a imunidade garantida pelas vacinas é superior à gerada pelo contágio pelo vírus.
Carlson descreveu Bolsonaro como o único líder mundial que assumiu não ter se vacinado, em tom de elogio. O presidente disse ter ficado incomodado com a questão de que as fabricantes não se responsabilizavam por eventuais danos colaterais. Em 2020, o governo brasileiro demorou a fechar a compra de imunizantes. Desde o início da crise, o país soma 671 mil mortes pela Covid-19.
"Eu não pedi que as pessoas se vacinassem. Eu respeito a liberdade individual. Cada um é livre para se vacinar ou não. E eu acredito que cerca de 20% dos brasileiros decidiram não tomar a vacina", prosseguiu.
O presidente voltou a defender remédios que não têm eficácia contra a Covid, como a cloroquina e a ivermectina.
Em outro trecho da entrevista, exibido de forma antecipada na quarta (29) e repetido nesta quinta, Bolsonaro disse que uma vitória da esquerda nas eleições de outubro deste ano fará com que esta ala se perpetue no poder.
"Se a esquerda voltar ao poder, na minha visão, nunca mais deixará o poder e este país seguirá o mesmo caminho da Venezuela, Argentina, Chile e Colômbia. O Brasil será mais um vagão deste trem", disse Bolsonaro.
Na última pesquisa Datafolha, o ex-presidente Lula (PT) registrou 19 pontos de vantagem, marcando 47% das intenções de voto no primeiro turno, contra 28% de Bolsonaro.
Ao longo da conversa, Bolsonaro fez várias críticas ao adversário. "Mesmo antes de Lula tomar posse, a esquerda pregava a divisão das pessoas em identidades, como negros e brancos, empregados e patrões e pessoas do Nordeste e do Sudeste, e ganharam apoiadores por isso", afirmou.
Em seguida, comentou sobre o preconceito contra negros. "Há racismo sim no Brasil, mas não como é frequentemente descrito. A maioria dos nossos jogadores de futebol é descendente de africanos. Sem problemas", prosseguiu.
O presidente também minimizou o desmatamento na Amazônia, e disse que o uso de mais tecnologia ajudará a monitorar e proteger a floresta. "Não dependemos do interesse internacional em preservar a Amazônia. É de nosso próprio interesse e, é claro, queremos que esses esforços de preservação sejam recompensados de alguma forma, por meios como créditos de carbono", afirmou.
Ao falar sobre violência, disse que a flexibilização do acesso às armas de fogo ajudou a reduzir a violência, e que pretende avançar nisso se for reeleito. "Seremos capazes de passar leis sobre armas muito parecidas com as dos Estados Unidos", projetou.
Os EUA possuem grande facilidade no acesso a armas, mas convivem com ataques frequentes a tiros contra cidadãos inocentes.
O apresentador Tucker Carlson viajou ao Brasil para fazer um documentário sobre a influência da China no país e está conduzindo seu programa diário a partir do país esta semana. Ele gravou a entrevista com Bolsonaro na quarta pela manhã, em Brasília, e também conversou com Flávio e Eduardo Bolsonaro, filhos do presidente, e com Filipe Martins, assessor especial para assuntos internacionais.
Ao encontrar Bolsonaro, Carlson posou para uma foto com um cocar, ao lado do presidente. Ao fundo, havia uma estante com vários objetos, como um logo da Caixa Econômica Federal, que geraram debates nas redes sociais.
Carlson, 53, é um dos principais âncoras da Fox News, maior canal de notícias dos EUA dedicado ao público conservador. Ele apresenta um programa de notícias e comentários políticos, exibido diariamente na faixa das 20h na costa leste do país.
Ele já defendeu teorias sem provas, como a da "grande substituição", que sugere que a entrada de imigrantes nos EUA faria parte de um plano democrata para tornar o eleitorado branco uma minoria no país e, assim, diminuir as chances do Partido Republicano vencer eleições.
O apresentador americano tem chamado o Brasil de "último país pró-EUA na América Latina" e o considera como único que resiste aos esforços coloniais chineses.
"A China se tornou um poder colonial dominante, tomando o controle de países por meio de acordos econômicos, e então explorando os recursos naturais deles e controlando seus sistemas políticos", acusou o âncora, na quarta-feira.
A China é atualmente o maior parceiro comercial do Brasil.
O apresentador disse ainda que o Brasil é um exemplo do que pode ocorrer nos Estados Unidos no futuro. "O Brasil tem um clima político muito dividido. Há um partido nacionalista, atualmente no poder e que controla o Executivo. De outro lado, há um partido globalista. E o tom dos políticos aqui é amargo. Pessoas vão para a prisão no Brasil rotineiramente quando perdem eleições", afirmou.
Em 2021, o apresentador viajou à Hungria e entrevistou o premiê conservador Viktor Orbán.
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