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sábado, 2 de julho de 2022

Fluxo da cracolândia migra para novo ponto no centro de São Paulo

Fluxo é o nome dado para a concentração de usuários de drogas em um determinado ponto.

© Shutterstock- imagem de arquivo

(FOLHAPRESS) - Os dependentes químicos da cracolândia, como ficou conhecida a região em que ocorre o consumo de drogas ao ar livre, escolheram a avenida Rio Branco, como seu novo fluxo. Eles passaram o ocupar um trecho entre as ruas dos Gusmões e General Osório, nos Campos Elíseos, no centro paulistano.

Fluxo é o nome dado para a concentração de usuários de drogas em um determinado ponto.

Por volta das 17h desta quinta-feira (30), homens e mulheres, alguns deles consumindo drogas, bloqueavam a calçada onde antes existia uma concessionária de veículos, que está desativada.

Os dependentes químicos e moradores de rua também transitavam por uma das faixas da via, no sentido viaduto Orlando Murgel, impedindo que o trânsito de veículos fluísse normalmente por aquele trecho. Outro grupo também estava posicionado no canteiro central da avenida Rio Branco.

O entorno do novo fluxo era monitorado por equipes da Polícia Militar, mas sem a presença da GCM (Guarda Civil Metropolitana), que podia ser encontrada na praça Princesa Isabel, a algumas quadras do local.

Em nota, a Prefeitura de São Paulo disse que "está atenta às movimentações no território que estão muito dinâmicas e está trabalhando para reduzir ao máximo o incômodo aos vizinhos e ao comércio", além de afirmar que a GCM patrulha ostensivamente a área.

No mesmo horário, o fluxo da rua Helvétia, para onde os usuários de drogas migaram após ação da polícia e da prefeitura em 11 de maio na praça Princesa Isabel, estava vazio. No local, algumas dezenas de moradores de rua estavam isolados por cones e fitas.

A avenida Rio Branco, que termina no largo do Paissandu, é uma extensão da avenida Rugde, que inicia nas proximidades da marginal Tietê. É na avenida Rio Branco, por exemplo, que está previsto o funcionamento do novo hospital Pérola Byington, referência no atendimento da mulher.

Na avenida Rio Branco, o fluxo de usuários de drogas está a duas quadas do 3° DP (Campos Elíseos) e da 1° Seccional Centro, responsável pela Operação Caronte, que visa sufocar o tráfico na região que já resultou em uma série de prisões, entre as quais a de Adilson Gomes da Silva, 42, conhecido como Deco. Segundo a polícia, ele era responsável por financiar o tráfico na cracolândia havia mais de 20 anos.

À reportagem, um recepcionista de 30 anos, que preferiu não se identificar por morar em frente ao novo fluxo, contou que um grupo pequeno chegou no local há uma semana. Nesse período, eles passaram a montar barracas no canteiro, até que o grupo maior chegasse e tomasse a calçada.

Segundo o homem, sua mãe, que mora junto com ele e está doente, não consegue dormir, devido ao barulho que os dependentes químicos fazem durante todo o dia. Ele também relatou que estuda a possibilidade de deixar o imóvel, pois tem medo de o grupo invadir seu prédio.

O síndico Eduardo Ribeiro da Silva, 55, contou que mora a uma quadra da avenida Rio Branco e citou "inferno" para classificar o que tem notado nos últimos dias. Ele se queixou do barulho causado por caixas de som carregadas pelos frequentadores do fluxo.

"Se precisar comprar alguma coisa, tem que mandar entregar e assim mesmo tá difícil. Eles falam [os entregadores] que é área de risco. Se a gente sai, tem que sair [com] muito medo e sempre acompanhado", disse.

Em nota encaminhada pela prefeitura, a Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social afirmou que as equipes do Seas (Serviço Especializado de Abordagem Social) realizam atendimentos diários na avenida Rio Branco e arredores a quem vive em situação de rua ou de vulnerabilidade social.

O objetivo, acrescentou, é proporcionar o acesso à rede de serviços públicos. Ao todo, de de 25 de março até o último dia 29, houve 10,4 mil abordagens, que resultaram em encaminhamentos e orientações, segundo a gestão municipal.

A Secretaria de Segurança Pública afirmou que, em uma reunião com representantes da prefeitura e de moradores da Santa Cecília, ficou acertado que a PM intensificará o policiamento na região.

Também disse que a Polícia Civil tem efetuado investigações para identificar traficantes e que, de julho do ano passado para cá, houve a prisão de 112 pessoas.

Na noite desta quinta, será desencadeada uma nova operação policial, de acordo com a pasta.

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