O valor se somaria ao piso de R$ 600, que Lula já disse que pretende manter.
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(FOLHAPRESS) - A campanha do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) anunciou, em uma ofensiva nas redes sociais, que o petista pretende pagar uma parcela adicional de R$ 150 por criança de até seis anos beneficiária do Auxílio Brasil -que voltaria a se chamar Bolsa Família.
O valor se somaria ao piso de R$ 600, que Lula já disse que pretende manter. Hoje, o benefício permanente do programa é de ao menos R$ 400, e os outros R$ 200 têm prazo de validade até o fim deste ano.
Em julho, cerca de 8,8 milhões de crianças entre zero e seis anos eram alcançadas pelo programa de transferência de renda. Com a inclusão de novas famílias em agosto, esse número deve ultrapassar 9 milhões -público-alvo da nova parcela prometida por Lula.
O plano foi divulgado pela página Lulaverso no Twitter e confirmado por integrantes da campanha.
O Lulaverso, que reúne canais a WhatsApp, Telegram, Instagram, Twitter e TikTok, foi criado pela comunicação de Lula numa tentativa de ganhar espaço nas redes. Os perfis são administrados pela campanha do petista.
Em uma sucessão de publicações neste domingo (28), a página anunciou seis propostas que constarão no programa de governo do petista, uma delas o incremento no programa social, citado pelo nome que ficou gravado como marca das gestões petistas.
"O Lulinha vai garantir o Bolsa Família de R$600 com adicional de R$150 por criança de até 6 anos", diz o texto.
A mensagem ainda anuncia o programa voltado à renegociação de dívidas da população, chamado "Desenrola Brasil", como mostrou a Folha.
O perfil do Lulaverso no Twitter tem 33,9 mil seguidores -bem menos que os 4,1 milhões do perfil oficial de Lula, onde a publicação sobre o adicional às crianças não surgiu.
As publicações nesse canal costumam ser compartilhadas também em outras plataformas. Como a Folha mostrou, o WhatsApp suspendeu números de telefones de administradores de grupos do Lulaverso na semana passada.
O pagamento de um benefício por criança busca resolver um problema identificado por economistas que assessoram Lula: a desigualdade de tratamento entre beneficiários do programa de transferência de renda.
A fixação do valor mínimo por família, aprovada pelo governo Jair Bolsonaro (PL), ocorre independentemente do número de integrantes ou do grau de pobreza, o que contribui para criar distorções. Famílias com maior número de crianças, por exemplo, acabam recebendo um valor por pessoa menor do que é pago a beneficiários sem filhos.
Dentro da campanha petista, há uma avaliação de que será necessário mexer no desenho do programa para consertar esse tipo de problema.
Pesquisadores de fora também compartilham desse diagnóstico. Nos últimos meses, especialistas chamaram a atenção para o fato de a fixação de um piso por família ter contribuído para corroer a solidez do Cadastro Único, base de dados criada em 2001 e que virou referência para identificar quem são e onde estão os brasileiros em situação de pobreza e extrema pobreza.
A oferta de um valor mínimo por família incentivou a divisão dos cadastros na expectativa de receber o benefício em dobro, o que é chamado de "estratégia de sobrevivência" por especialistas no tema.
Entre novembro de 2021 e abril de 2022, o número de famílias de um só integrante recebendo o Auxílio Brasil saltou de 2,2 milhões para 3,7 milhões, um crescimento de 66,3% em poucos meses. Já o registro de famílias com seis integrantes ou mais vem caindo ao longo do tempo.
Segundo integrantes da campanha de Lula, o novo desenho do Bolsa Família também deve promover integração maior com programas de qualificação das pessoas em idade de trabalhar, voltados para a geração de renda por meio de trabalho ou abertura de novos negócios.
Algumas das medidas em discussão na campanha já começaram a ser pinceladas por Lula em suas aparições na TV, como o programa de renegociação de dívidas, citado em sabatina do Jornal Nacional. Outras medidas, porém, ainda serão detalhadas pelo petista.
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